29 julho, 2011

UMA OPORTUNIDADE PARA O TURISMO ALENQUERENSE

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- Pista da Base da Ota, actual Centro de Formação da Força Aérea
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Projecto da «Lusolândia» publicado no jornal «O Público» no dia 6/5/2011
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LUSOLÂNDIA - SONHO OU REALIDADE?
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Olhando a primeira fotografia acima, para além da pista, à direita, mais ou menos por aí, ocupando 125 hectares dos muitos que estiveram de reserva para o novo aeroporto de Lisboa nascerá (?) um parque temático com o nome de «Lusolândia».
O projecto é «PIN» (de interesse nacional), representa um investimento de 255 milhões de euros e consta que está a andar bem. Se o mesmo viesse a tornar-se realidade, teria a capacidade de atrair 1,9 milhões de visitantes por ano (5.200 por dia). A data prevista de abertura situa-se em 2014, então, terá 17 restaurantes e um hotel, assim como um parque de estacionamento para 7000 veículos. Um grupo de historiadores está a tratar do guião que será posto em prática por técnicos da Disney que, nos Estados Unidos, estão já a trabalhar neste mesmo projecto.
Não deixa de ser curioso que este Parque (se nascer) venha a situar-se junto de uma das melhores pistas do País que... hoje ninguém utiliza, nem mesmo a Força Aérea! É a sociedade (portuguesa) do desperdício no seu melhor!!!
O promissor turismo do Oeste (Fátima, Batalha, Alcobaça, Nazaré, Óbidos, Caldas da Rainha, Torres Vedras, etc.), aqui a dois passos, não tem um aeródromo regional ou de recreio que o sirva (tal como Tires serve a Costa do Sol), mas a pista da Ota continua preservada como... reserva de caça!
Já se percebeu que o novo aeroporto de Lisboa em Canha (qual Alcochete, qual quê), que não sairia mais barato do que a Ota, não ficaria mais perto de Lisboa do que a Ota, nem teria menos custos ambientais do que a Ota, já era... Nos tempos em que a discussão esteve quente, falou-se muito em operar a Portela e Alverca em simultâneo, o que, em termos de circulação aérea, não era exequível, mas, estranhamente, nunca se falou em operar em simultâneo a Portela e a Ota, o que era perfeitamente exequível.
Com um projecto destes à porta e com o Oeste à espera de ser servido por meios aéreos, começa, pois, a ser tempo de perguntar: E a Ota senhores? E a Ota aqui tão perto e que daria tanto jeito ao turismo regional? Mas a situação de abandono da pista da Ota (é como se não existisse, ninguém se lembra dela) que poderia ser tão útil, é uma prova evidente dos interesses poderosos que se sobrepõem ao verdadeiro interesse nacional. Somos pobres, estamos falidos? Pois olhem que não parece, isto quando se despereza uma infraestrutura destas.
Ota à parte. A «Lusolândia», a passar do papel, poderá vir a ser a alavanca que fará nascer e crescer uma verdadeira indústria turística em Alenquer. Estejam, portanto, atentos, senhores investidores locais.

16 julho, 2011

AO MURRO E AO PONTAPÉ...

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TAMBÉM TU OBAMA?
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Na ocidental praia lusitana um náufrago luta desesperadamente por se manter à tona de água, e, sempre que parece estar a conseguir fazê-lo, vem alguém e zás, empurra-o de novo para baixo, que é onde deve estar o «lixo».
Primeiro foi o «murro no estômago», logo após a enunciação das medidas salvadoras (facada no 13º incluída). Depois foi o «pontapé nos tintins» logo após o atestado de boa saúde passado aos nossos bancos pouco stressados. E, como se as malfeitorias da Moody's não chegassem, veio o amigo (de Peniche) Obama lembrar ao mundo que os Estados Unidos eram pessoa de bem, nada comparável a esses moinantes gregos e portugueses.
Apunhalados, assim, na escadaria do nosso «domum» de vaidades, só nos apetece exclamar: «Também tu Obama?». Dizia-me um amigo descoroçoado com a venenosa frase presidencial: «Logo este gajo que nos saiu tão caro da última vez que por aqui passou...». Deixa lá Manel, para a próxima partimos-lhe uma perna com um desses «chaimites» anti-arruaceiros, daqueles que chegaram tarde, mas ainda podem vir a dar muito jeito!
Entretanto as medidas ditas salvadoras vão aparecendo, pelo lado da «Receita», já se vê, porque o «corte da gordura» estatal exige outra maturação... E, afinal, esta ida ao bolso dos parvos do costume, é inteiramente justificável face a uma «previsão macroeconómica» marcada por «taxas de incerteza invulgares». Por acaso isto dito assim tem a sua piada, porque no tempo do Sócrates dizia-se que andava tudo a dormir, o Banco de Portugal, o Primeiro Ministro, Ministros... Também não havia «crise internacional», o Presidente da República, pelo menos, nunca deu por ela, por isso passava-lhe sempre ao lado para espetar o dedo na socrática incompetência...
Mas, enquanto este período de «estado de desgraça» se vai esgotando, sempre há alguém que nos vai fazendo rir contando-nos histórias engraçadas, como aquela do apagar dos «condicionados» no Ministério da Cristas, por troca com os colarinhos esgarguelados. Pois é, meus amigos agricultores de secretária, o melhor é porem-se de bem com um polar quentinho, ou um casacão de pêlo de camelo, porque, ao que tudo indica, o próximo inverno promete ser muito frio, aí para os lados do Terreiro do Paço.
- A secular «Bordalo Pinheiro» das Caldas da Rainha, vai lançar um «Zé Povinho» de «manguito» feito à Moody's. Boa! A isto chama-se cavalgar a crise. Por lá passarei para comprar um, mas, já agora porque não darem início a uma colecção. Por exemplo, um «manguito» ao Obama, outro ao Gaspar, e o mais que se verá, porque a colecção promete ser longa e variada.


08 julho, 2011

Na minha rua não entram eles...

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Baa2

Ba2 (!!!)

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ESSES MALANDROS DA MOODY'S!
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À hora a que escrevo e publico este post, um estremecimento patriótico tomou conta do País: No batustão da Madeira, o soba-mór, que por acaso (?) é de más contas públicas, arrotou para o ar e  fez a ilha levitar uns metros acima do nível do mar, ao proclamar um «aqui não entram mais!». Do Porto a Sintra, o poder autárquico tomou idêntica atitude, enquanto o Povão, a toque de caixa das televisões, se apresta para mais uma vez enfrentar esse produto sucedâneo do da velha Albion que, para lá do Atlântico, herdou a sua arrogância e mau feitio.
Como poderia eu, pois, ficar indiferente a esta onda de patriotismo? Vim à varanda do meu descontentamento e gritei: «Porque não se metem vocês com os belgas que são do nosso «tamanho» e têm mais dívida externa do que nós?». Claro que só pode ser por inveja do nosso Sol... Pois então que se toque «A Portuguesa» e se avance ordenadamente contra os bretões, como manda a sua letra original!
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Estamos em 1890 e a nossa Alenquer vibra de patriotismo e de indignação (como qualquer outra vila portuguesa, já se vê) face ao «Ultimato Inglês».
Ora acontece que, ali para as «Águas», na Companhia de Fiação e Tecidos que empregava mais de 500 operários, o mestre e contra-mestres eram nem mais, nem menos, ingleses (ou seja, a personificação do diabo!). Estava o baile armado:
«Cá em Alenquer, não corre o tempo muito fresco para os nossos fiéis aliados. Quinta-feira um inglês, empregado da fábrica da Companhia de Fiação e Tecidos, deu uma bofetada num operário português da mesma fábrica, que não quis desforçar-se imediatamente pelo receio de ser demitido do seu cargo. Um outro operário português, indignado com a petulância do beef, que se julgava talvez lá pelas alturas do Chire, esperou-o à porta da fábrica e tosou-o valentemente. Claro é que todos os operários viram com prazer e com disposição para qualquer eventualidade, a carga dada no inglês, o que não sucedeu a cinco ou seis operários ingleses que deram "ás da Vila-Diogo" logo que viram o princípio da festa. Abençoada tareia». (Damião de Góis, n.º235(29 de Junho de 1890), p.2).
Abreviando e resumindo: Muitos encontrões, greves e movimentações depois, os técnicos ingleses foram corridos da fábrica de Alenquer, à excepção de um que chefiava uma secção de fabrico importante e para o qual não havia substituto.
Mas, quem consultar os jornais locais de então, acabará por perceber que o Ultimatum foi só um pretexto, pois o verdadeiro motivo foi outro: Os famigerados ingleses, para aumentar a produtividade, haviam tido o desaforo de implementar métodos e uma disciplina importados da sua ilha que duzentos anos atrás havia dado início á Revolução industrial: Um sistema manual de relógio de ponto, o recebimento da féria semanal na sua bancada de trabalho, dentro de uma caixa individual de folha, a troco de uma manhã na fila frente ao tesoureiro, etc., etc. e, escândalo dos escândalos:
«o mestre não queria que os operários fumassem ou conversassem (...) quem fosse mais de uma vez num terço de dia à retrete, era multado e por fim despedido, embora fosse lá fumar como se impunha aos operários» (O Alenquerense, n.º 293, (6 de Agosto de 1891, p.1).
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Voltando à Moody's e de cabeça fresca. A culpa é da Agência de notação ou foi o País que «se pôs a jeito»? Oiço e leio tanto sobre isto, mas não me recordo de ter ouvido as razões que assistem à Agência. Vamos, pois, a uma breve consulta ao site da Moody's (difícil porque eu o inglês andamos sempre às avessas, sempre fui mais do Latim):
1 - Os planos do Governo podem ser difíceis de implementar na íntegra em sectores como a saúde, as empresas públicas, governos regionais e poder local - Diz a Agência... Hum... Bem avisados andam em desconfiar dessa gente. Ver para crer...
2 - Gerar receitas fiscais adicionais, em combinação com o atrás dito, pode comprometer a redução do déficite. - Naturalmente...
3 - O crescimento da Economia pode vir a ser mais fraco do que o esperado, comprometendo a redução do déficite. As previsões de crescimento foram revistas em baixa após assinatura do empréstimo com a troika. - Também por cá há quem pense o mesmo...
4 - Existe a possibilidade, não negligenciável, do sector bancário vir a exigir apoio além do que é actualmente previsto no acordo com a troika. - Para mim, é uma «desconfiança certa»...
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Pois é, estamos lixados e a culpa não é dos ingleses, americanos e quejandos. Mas que diabo, bem podiam ter esperado um pouco... E que tal se em vez da Moody's, mandássemos mas era o Euro e esta Europa incapaz à fava? Naturalmente, na medida em que ela já não está connosco, lá terá que ser... Ah! Mas para criarmos riqueza há muito trabalho de casa por fazer, muita charutada para dar nos privilégios, roubos e desmandos. E, já agora, saibamos que eles não se metem com os belgas, porque esses criam muito mais riqueza do que nós, logo terão muitos mais meios para cumprirem com a sua dívida.