22 dezembro, 2012

FESTAS FELIZES

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 ALENQUER "VILA PRESÉPIO"
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Vila Alta de Alenquer - Sede da Liga dos Amigos de Alenquer (edifício setecentista) - Presépio da Liga  concebido artisticamente por Frederico Rogeiro.
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Para todas e todos que me dão a imensa satisfação de serem visitantes desta página, aqui ficam os meus votos sinceros de um Bom Natal e de um 2013 pródigo em saúde e ânimo para enfrentar com sucesso as dificuldades que nos são anunciadas.

10 dezembro, 2012

O CASTELO DE ALENQUER - IV (CONCLUSÃO)


O QUE RESTA DO CASTELO
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- A lenda do Alão - Desenho de Mestre Álvaro Duarte de Almeida para o concurso "Lendas de Portugal" do Jornal "O Século".
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Tem-se escrito que D. João I, desagradado com o que lhe aconteceu em Alenquer aquando da Revolução de 1383/85 que o levou ao trono, teria mandado abater a Torre de Menagem ordenando que lhe retirassem os cunhais, tendo tido igual sorte alguns lances da muralha ou cerca. Ter-se escrito é um facto, mas há quem sustente que falta fundamento histórico a esta narrativa, embora ela já venha relatada em escritos como a "Descrição da Vila" feita pelo P. António Carvalho da Costa na sua "Corographia Portugueza", de 1702, onde escreveu que Alenquer «Tem seu Castelo, que hoje está muito arruinado, por lhe mandar tirar os cunhais El Rei D. João o Primeiro pela resistência, que achou nesta Vila quando pôs cerco nela à Rainha D. Leonor Teles sua cunhada(...)».
Mais tarde, quando outra Leonor, a rainha viúva de D. Duarte, aqui procurou refúgio com seu filho, o futuro rei D. Afonso V, receosa que algum mal lhe viesse por parte seu tio, o infante D. Pedro, Regente do reino, teria o Castelo de Alenquer sido objecto de importantes obras de reparação que, de novo, o tornaram apto para a sua missão defensiva. Como a História registou, esse episódio que envolveu o futuro soberano não teria passado de pura manipulação e nada aconteceu. Sendo infundados os receios de D. Leonor, sob as muralhas do castelo de Alenquer tudo se manteve calmo e pacífico.
Teria sido a partir de então que o castelo entrou em declínio. Quando em 1580 a vila seguiu o partido de D. António, o Prior do Crato, aqui aclamado rei, ainda terá havido algum sobressalto guerreiro, mas, estando mais uma vez Alenquer do lado errado da História (mas certo na razão), o Castelo entrou definitivamente no esquecimento, «passando a ser utilizado como pedreira», como se pode ler na memória Histórica-Artística do IGESPAR que sobre ele se debruça. Que quer isso dizer? Que as suas pedras, como nesses tempos vulgarmente acontecia, passaram a ser retiradas pelos habitantes e utilizadas na edificação de habitações, levantamento de muros, construção de arruamentos e estradas.
Em 1750 D. José I, ou o seu Ministro Sebastião José de Carvalho e Mello, ainda se terão lembrado dele, ou melhor, ainda terão sido levados a lembrarem-se dele por solicitação da Academia Real de de História Portuguesa «visto ser indubitavelmente obra dos alanos», mas sem resultados objectivos. Depois, por esses anos, foi ainda o terramoto de 1755 que lhe causou enormes estragos, destruindo as duas torres da porta principal, a da «Vila».
Com o séc. XIX  e a construção do edifício dos Paços do Concelho e da variante ligando Santa Catarina à Vila Alta e esta à Ponte da Barnabé, novos panos de muralha terão sido derrubados, fazendo o passar do tempo o resto do trabalho demolidor.
Assim, tudo o que hoje resta da importante fortaleza que remonta ao Neolítico, que foi castro lusitano, castrum romano, castelo dos Alanos, castelo mourisco, castelo gótico, pode ver-se abaixo nas duas fotografias que se seguem:
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- Bem lá no alto, o último lance da muralha original, entre o estar e o cair.
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- Onde se erguia a Torre de Menagem, restos de antigas construções adjacentes e da muralha
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Há relativamente pouco tempo, a nossa Câmara, e bem, promoveu a melhoria dos acessos ao «Castelo» e a sua limpeza, instalando na zona abaixo da Torre de Menagem um aprazível Parque de Merendas.
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Visitei-o no final deste Verão e algum abandono era já visível. Na realidade não basta fazer, torna-se necessário cuidar, promovendo, no mínimo, a limpeza, as acessibilidades e tornando-o conhecido através da instalação de placas que elucidem o visitante da sua existência e o ajudem a encontrar o melhor caminho a percorrer para o alcançar.
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Na minha perspectiva o melhor caminho passa, bem a propósito, pela Travessa do Castelo (acima) que tem o seu início logo à entrada do Bairro da Judiaria, junto a um enorme edifício em ruínas (esse, pelo estado em que se encontra, não vai demorar muito a cair. Pelo menos que caia para dentro e não faça vítimas...), mas todo o estado desta Travessa é mau, como facilmente se constata.
Pela mesma, chega-se a um caminho de terra batida, o qual, como se pode ver na fotografia abaixo, já começou a ser abusivamente «comido» por construções clandestinas. Aqui chegados, basta percorrer um pequeno carreiro, na ocasião tomado pela folhagem, para se alcançar o tal Parque de Merendas, que, ao que me disseram alguns moradores vizinhos, apesar de tudo, é bastante procurado (!?).
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Alcançado o ponto mais alto do sítio do Castelo, lá encontraremos, ainda, a antiga «Casa da Água» (fotografia abaixo), hoje desactivada. Esta proeminência poderia ser um miradouro sobre a Vila, mas não o é porque a vegetação não deixa, como também não deixa ver a estrada para Torres e a Cruz do Bufo. Quer dizer, o legionário «Mirolho», hoje ali de sentinela, não veria aproximarem-se da vila as tropas do «Tróina», mas essa é outra história que só os mais antigos conhecem e que remonta aos tempos do heróico Terço legionário de Alenquer (LOL como dizem os jovens face-booquenianos).
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