11 janeiro, 2013

FILATELANDO

MAIS UM POSTAL ANTIGO DE ALENQUER
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O postal circulou de Alenquer (26/08/1905) onde recebeu carimbo «tipo 1880» que, neste caso, não obliterou selo nenhum, já que ele, o selo, havia caído ou pura e simplesmente houve esquecimento (ou desconhecimento) e não foi colado. Daí que os portes tenham sido pagos (pela destinatária) através dos dois selos de «Porteado» (20 réis) que lá estão obliterados com o carimbo de Cascais (27/08/1905).
O Postal propriamente dito mostra-nos na face as «armas d'Alemquer» (o Brasão municipal desse tempo) e no reverso uma imagem dita das «Passadeiras», que deixou pouco espaço para escrita. Está identificado como sendo o n.º 7 de uma edição de "F. Campeão & Saraiva", tendo sido impresso na Tipografia Campeão & Cª - Alemquer. Esta tipografia pertenceu a Fernando Campeão dos Santos, irmão do solicitador Henrique Campeão dos Santos que foi Director do jornal Damião de Goes, jornal esse que era composto e impresso nessa tipografia instalada na Vila Alta, onde hoje a Misericórdia tem os seus serviços administrativos. Alguns anos depois, a tipografia pertencia a José Lourenço Júnior, meu avô, aí se imprimindo o Damião de Góis e A Verdade.
Voltando à imagem, em primeiro plano as Passadeiras da Rainha inicialmente cinco enormes pedras que, segundo a lenda, teriam sido colocadas por intervenção miraculosa da Rainha Santa Isabel, para esta ali atravessar o rio quando vinda do seu Paço (anexo à Igreja do Espírito Santo) se dirigia à Igreja de Nossa Senhora d'Assumpção de Triana para as suas orações. Como a sua origem teria sido miraculosa sempre resistiram às investidas dos rio, mas não resistiram às do Eng.º Duarte Pacheco, quando este, nos anos 40, lançou o plano das novas avenidas, desviando o curso ao rio. Também em primeiro plano vê-se a vivenda que pertenceu à Fábrica do Meio e onde nos seus primeiros anos funcionou o Externato Damião de Góis, e, mais adiante, a desaparecida Fábrica do Meio (Lanifícios).
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O último quartel do séc. XIX e o primeiro do séc. XX, constituem a época áurea do postal em Portugal. Todavia, sempre pensámos que em Alenquer esse interesse tivesse passado um pouco ao lado. Engano nosso, uma vez que devido à iniciativa de algumas casas comerciais da vila, foram editadas algumas séries de postais inspiradas pela beleza natural da nossa terra. Por exemplo, esta, a que pertence o postal reproduzido, teve pelo menos mais seis exemplares diferentes. De outras duas conhecemos mais um postal de cada. Pena é que não surjam à luz do dia os outros postais dessas séries... E o leitor, conhece postais antigos da vila de Alenquer? Se conhece diga-nos, porque a nossa curiosidade sobre o assunto é grande.

05 janeiro, 2013

SERÁ DESTA?

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UM MAU «POSTAL» DA VILA DE ALENQUER
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Quem passando por Alenquer toma a estrada para Torres Vedras, rumo ao litoral estremenho (Estremadura sim, Oeste nunca, abandonemos de vez esta ficção), uma das últimas imagens que leva da Vila de Alenquer é a desta fachada, melhor dizendo, empena sul/sudoeste do edifício que já foi da Real Fábrica de Papel (1803-1829), Companhia do Papel de Alenquer (1851-1889), Companhia Portuguesa de Fiação de Tecidos de Lã (1890-1921) e Moagem Hidráulica de Alenquer (1925-2012), esta última assumindo até ao seu encerramento recente várias designações.
No Orçamento da nossa Câmara para o ano de 2013, encontra-se inscrita uma verba destinada a acabar com esta vergonha, já que ela resultou da demolição da vizinha Fábrica de Papel e Cartão da Ota levada a cabo pela nossa autarquia que é proprietária do terreno anexo, dito do Parque de Estacionamento do Areal (para ele existe um projecto que espera por dias mais endinheirados). Portanto, se a famigerada "Lei dos Compromissos" se não atravessar à frente do orçamentado, algo de bom irá por aqui acontecer no decorrer do ano.
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O edifício, cujo passado industrial acima resumimos, é, por conseguinte, um dos que maior significado tem no que respeita à História da Indústria na nossa vila. Julgamos que é pertença da família Arsénio Pereira (nos últimos tempos de funcionamento da Moagem constava que esta trabalhava por conta da "Nacional"), julgamos que a laboração industrial parou, quiçá, definitivamente; julgamos que estamos perante um novo "elefante branco"; julgamos  que o caso merece ser estudado pela autarquia; acreditamos que a sua classificação como de interesse concelhio deveria ser decidida como forma de salvaguarda de um edifício histórico (arqueologia industrial) e que se recomenda para projectos ligados a essa mesma história, e, ainda, para obviar a futuras utilizações ou projectos que descaracterizem um bairro como o do Areal com potencial turístico, já que aí se situa o edifício do Real Celeiro, a Torre da Couraça (a necessitar, também ela, de urgente intervenção), a Igreja de Santa Maria da Várzea, propriedade da Câmara e a favor da qual parecem soprar, finalmente, ventos favoráveis, e o Arco da Conceição, troço amuralhado que liga à vizinha Judiaria.