31 março, 2013

Mar de Inverno... em Abril!

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PENICHE E O BALEAL EM TONS CINZA
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Nós, os estremenhos do litoral, não aguentamos muito tempo longe do mar. Por isso, embora a meteorologia não anunciasse nada de bom, não resistimos e... ala que se faz tarde! Lá chegados, a pergunta surgiu: e agora, que fazer? Nada como ir ver os calhaus ao Carvoeiro. Máquina fotográfica? Com uma luz destas? E porque não? Alguma coisa há-de ficar... E o que ficou, aqui fica partilhado.
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A caminho do Cabo Carvoeiro, neste dia a fazer jus ao nome, com a Papoa já pelas costas...
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Uma primeira paragem para dar uma espreitadela ao mar, bem mexido, por sinal. Desta janela via-se perfeitamente a Papoa, mas não só...
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Olhando o mar, uma curiosa formação rochosa, em estratos, chamou-nos a atenção. Gosto destes padrões que a Natureza nos oferece...
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Prosseguindo, pareceu-me ver qualquer coisa perdida, além no mar... Um surfista? Impossível! Num sítio destes? Vamos ver melhor...
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Então, não é que era mesmo? Só e perdido neste mar agitado, frente a uma muralha de rochas, lá andava ele divertindo-se que nem um louco! Não há dúvida, neste mundo há gente para tudo. Bem, grande técnica e dose de auto-confiança ele deve ter...
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Chegados ao Carvoeiro a "Nau dos Corvos" afogava-se num mar de espuma. Corvos nem vê-los...
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De volta ao Baleal, na Praia Norte a onda estava boa e os surfistas eram mais do que muitos...
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A malta divertindo-se nas ondas, mas vista de outro ângulo...
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Mais adiante, ao passar pelo Portinho, um barco regressava da faina...
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Na escarpa, junto à capelinha, um pescador cheio de «fézada», equilibrava-se mais a cana no plano inclinado...
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Do lado contrário, o mar empenhava-se, valentemente, batendo na rocha sem mexilhão...
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Já à saída da ilha, este sinal de trânsito chamou-me a atenção. Por norma não acho piada a brincadeiras do género, mas esta estava bem apanhada. Afinal é ou não é o Baleal a Capital do Surf?



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E foi assim, um passeio à beira-mar em Sexta-feira de Cinzas, por sinal bem cinzenta.

23 março, 2013

TEATRO NA "LIGA "

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A ANTE-ESTREIA FOI ONTEM NO "ANA PEREIRA"
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O colectivo "Os 4 e o Burro", companhia amadora residente no "Ana Pereira", apresentou ontem em ante-estreia, dedicada aos compradores das novas cadeiras da plateia (lá iremos), o seu novo trabalho "O Sangue dos Bamberg", «...uma comédia negra de enganos, onde nada é o que parece, e as aparências devem ser salvaguardadas a todo o custo», um trabalho do inglês John James Osborne, o qual, como se escreve no programa foi um «crítico acérrimo da monarquia britânica, as suas peças descrevem não raras vezes o sistema monárquico como algo arcaico, e repleto de maneirismos ridículos e ultrapassados, recorrendo a um humor corrosivo para expor os seus pontos de vista. A peça "O Sangue dos Bamberg", escrita em 1962 no auge da sua produção artística e da sua popularidade, é exemplo disso mesmo». E foi.
O Palco estava deveras bonito, com uma cenografia bem conseguida e eficiente, impondo-se aos sempre parcos recursos financeiros para a montagem, superando de forma muito positiva esse factor "€". E aproveitamos a oportunidade para tecer, também, os mais rasgados elogios  ao cartaz anunciador, um trabalho de fazer inveja  aos profissionais, na linha do que o Frederico Rogeiro já nos habituou. Nota máxima.
Em palco estiveram: Os já "veteranos" Álvaro Gomes (o perfeito oficial inglês) e Maria Albertina, excelente no seu papel de "intrusa". Palavras para quê? Deste ofício percebem eles. Mas, tenham paciência, o grande destaque vai para... o Frederico Rogeiro! Perfeito, no seu "Bamberg" de emergência, e que tem aqui, neste estreado trabalho, a sua melhor interpretação de sempre. Quanto aos novos: a Andreia Filipa, faz uma excelente «pivot» televisiva (ai se as televisões a vêm, com a sua estética pessoal, deixemo-nos de eufemismos, palminho de cara e físico, e com o seu dizer, não lhes escapa, de certeza absoluta...). O Pedro Cordeiro, também muito bem, acompanhando na perfeição o mestre, perdão, "tenente-coronel" Álvaro Gomes. E a Ana Marta Luís? Cada um é para o nasce e ela nasceu para actriz, não há como lhe fugir... Excelente, também, na sua "Princesa Melanie".
No que respeita aos papéis secundários, uma palavra para Mestre Virgílio Morais. O Virgílio em palco nem sequer precisa de falar, pois só a sua presença diz-nos estar perante um grande actor, a quem os anos ensinaram tudo. Não que ele não saiba dizer, porque diz e bem, mas a sua mímica é de primeira e sabe compor um personagem como ninguém. Grande Virgílio, conserva-te assim por muitos e bons anos, para que possamos usufruir do teu inigualável trabalho teatral. Completam o elenco com pequenas intervenções, o Adolfo Costa que nasceu para padre mas desta chegou a bispo, o Leopoldo Rodrigues e o João Tralha repórteres em campo e o Armando Valle-Quaresma numa figuração. Onde ninguém o vê, mas tão necessário e artista como os demais, o Carlos Vicente na luz e som. Guarda-Roupa a condizer de Dália Flores (Arte e Costura). Resumindo, uma noite divertida e bem passada, o conforto de sabermos que o Teatro está vivo e bem vivo em Alenquer.

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De trabalho para trabalho, o "Ana Pereira" vai-se mostrando mais sala de teatro. Está a renascer graças à teimosia do Virgílio e das sucessivas Direcções que nisso se têm empenhado: o palco foi recuperado (está novo), a sala idem, os camarins começam a ser dignos desse nome e ganharam uma pequena casa de banho de apoio... Excelente essa ideia de promover uma ante-estreia a um preço de entrada superior para aquisição das cadeiras. A plateia, assim, como ontem se apresentou, adquiriu um outro grau de conforto. Na pessoa do actual Presidente da Liga, Marco Raposo (que lá vi, nas obras, a dar no duro, como se costuma dizer), felicito todos quantos se empenharam, nos últimos anos, em prol desta sala única.
Mas ainda falta tanto e tão importante: Principalmente, um pano boca-de-cena e um tecto que traga maior conforto à sala (e isolamento) e a complete naquilo que ela é e deverá ser: um renovado teatro oitocentista, uma preciosidade do nosso património colectivo. Que os nossos poderes tenham a sensibilidade de ajudar nesta obra, mesmo que não lhes peçam.

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O espectáculo estreia este Sábado, dia 23 de Março e prosseguirá, com representações semanais, sempre ao Sábado, de 6 de Abril a 25 de Maio.


09 março, 2013

UMA GRANDE ARTISTA DO TEATRO QUE NASCEU EM ALENQUER

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ADÉLIA SOLLER
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A grande actriz Adélia Soller nasceu em Alenquer em 1873, filha de Alfredo Soller e de Silvéria Soller, também eles actores de profissão. As circunstâncias que determinaram o seu nascimento nesta vila não as conhecemos, mas  somos levados a pensar que sendo seus pais artistas ao serviço da companhia  Soares, companhia essa que fazia muita itinerância, eles se encontrassem a representar em Alenquer quando a hora do parto chegou.
Ainda muito nova começou por representar, também ela, na companhia teatral Soares, percorrendo aí integraga o País, vindo, depois, a estrear-se em Lisboa na Trindade, onde pouco se evidenciaria, daí transitando para o teatro da Alegria, depois para o da Rua dos Condes e por último para o grande Ginásio.
Adélia Soller foi casada com um outro actor de nomeada, Sebastião Alves, que faleceu no Brasil em 1903. Todavia, Adélia pouco lhe sobreviveria pois viria a falecer ainda nesse mesmo ano, também no Brasil, quando por lá fazia uma tournée com a sua companhia do Ginásio, vitimada pela febre amarela que igualmente ceifou outros colegas seus.
Pelo apelido, terão sido seus antepassados (eventualmente avó) a consagrada actriz Josepha Soller (1822-1864) de ascendência espanhola e filha de um proprietário  de uma companhia e o actor Júlio Soller nascido em 1843.
Mais um nome, portanto, a juntar aos de Ana Pereira e a Palmira Bastos que, igualmente, tiveram berço em Alenquer.