21 abril, 2013

ALENQUER INDUSTRIAL

A FÁBRICA DO MEIO
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A fábrica do Lafaurie, da Companhia ou do Meio como ficou conhecida, não é na Alenquer de hoje mais do que uma memória. Quem percorrer a Av.ª dos Bombeiros Voluntários, encontrará, logo a seguir ao antigo quartel dos Bombeiros, um edifício onde no passado conheci a oficina do Cabral e hoje é uma oficina de electricidade-auto. Pois bem, esse edifício é tudo quanto dela resta.
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O seu fundador foi um cidadão francês de apelido Lafaurie (Auguste), oriundo da cidade francesa de Orthez, então situada no Departamento dos Baixos Pirinéus, hoje Deparatamento dos Pirinéus Atlânticos.
Para Alenquer veio este industrioso francês acompanhado de seu irmão Pedro Adrião Lafaurie e no sítio de uma azenha antigamente chamada Azenha das Quatro Rodas, deu início, em 1838, à fundação da primeira das quatro grandes fábricas de lanifícios que Alenquer acolheu no seio da sua malha urbana.
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Segundo Henriques, teria sido modesto o começo da fábrica que teria começado a laborar com 6 cardas pequenas e 3 fiações de 40 fusos movidos à mão, mais uns poucos teares circulares e outros de carapinhas com que fabricava barretes, mantas e cobertores.
Contudo, os progressos seriam rápidos, pois em 1840, quando Pedro Adrião Lafaurie se dirigiu à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino solicitando uma «provisão para gozar de todos os Privilégios, Graças e isenções que se costumam conceder aos estabelecimentos mais favorecidos, compatíveis com a constituição do Estado», fê-lo informando que estabelecer» uma fábrica de cardagem, fiação de lã, obras de ponto de meia, mantas, cobertores de lã e tinturaria, na vila de Alenquer» o que deixa transparecer um efectivo crescimento.
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Este industrial francês, que viveu na vila de Alenquer cerca de 25 anos, faleceu subitamente nesta vila, no dia 6 de Fevereiro de 1869. Na direcção da fábrica seguiu-se sua filha Maria Carolina Lafaurie, mas, em 1874, por motivos de ordem financeira, esta passou para o domínio do Banco Lusitano. Em 10 de Junho desse ano, o Conde de Burnay, grande capitalista à época, toma conta dela e nomeou administrador um seu tio de nome Constant Burnay. Em 1880 a fábrica voltou à direcção do Banco Lusitano a quem estava hipotecada, para logo em 1881 ser adquirida por 300.000$000 por uma companhia denominada Companhia de Lanifícios de Alemquer.
Mais tarde, já nos inícios do séc. XX viria a ser arrendada a José Pimentel Ramos, mas encerraria definitivamente em 1918.
- (Postais antigos de Alenquer da minha colecção pessoal).

10 abril, 2013

ESTE PAÍS NÃO MUDA...

AVENTURAS E DESVENTURAS DE UM ALENQUERENSE NAS TEIAS DA BUROCRACIA
ESCREVO PARA DESABAFAR...
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Já sei, chega Abril e tenho este calvário... A minha idosa mãe, há alguns anos internada no Lar da Misericórdia, como pensionista (pequenina...) é apoiada pela ADSE com um subsídio que minimiza as despesas de internamento. Tem 86 anos, nunca teve emprego nem bens (coisa que as Finanças estão fartas de saber), mas todos os anos, com a Primavera, tenho que apresentar uma Declaração das Finanças (nula) quanto aos rendimentos de trabalho e a bens (sempre do mesmo teor, já se vê, pois aos 86 anos e internada numa IPSS não se arranja trabalho, nem se herdam bens), mas tudo bem, teoricamente até poderia herdar de um filho falecido sem descendentes... Mas, mais: uma declaração da Segurança Social em como não tem dívidas a esta. Surrealismo puro. Mas tudo bem, mais uma vez...
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Assim, acordei hoje mentalizado para percorrer esta «via-sacra». Comecei pelas Finanças e comecei bem. Depois de uma hora de espera, aproximo-me do guichet, para ouvir a solicita funcionária pedir-me desculpa porque não conseguia entrar no sistema (entidade cibernética anónima que dispõe do nosso tempo a seu belo prazer): - Então e o que é que a senhora me sugere? Perguntei eu já conhecedor da resposta. «Que volte outro dia. Tenho muita pena...». Touché!
Depois de almoço vou para a Segurança Social. Quem sabe, poderei ter melhor sorte... As instalações da Segurança Social em Alenquer são um modelo de inadequação aos serviços que presta. Instalada num apartamento construído para habitação, tira-se uma senha e aguarda-se vez em três «salas de espera»: a rua, a varanda e as escadas! Mas, um pouco mais além, na Av.ª Jaime Ferreira, o "Instituto do Emprego e Formação Profissional" sob a alçada da mesma tutela (desculpem-me se errei, mas penso que não), tem um enorme e moderno edifício mais que sub-aproveitado, pois os desempregados alenquerenses foram mandados à procura de emprego para Torres Vedras. Porém, esses mesmos desempregados têm que fazer as suas apresentações periódicas no tal "3 assoalhadas" do Largo Espírito Santo. Diria eu, desempregados e f....!
Bem, estou reformado e tenho tempo para sofrer estes tratos de polé nos palácios da nossa burocracia. Mas, e quem está empregado, como resolve esta luta com os sistemas informáticos caprichosos e as repartições apinhadas de desempregados? Haja paciência e xanax...