31 maio, 2013

"INVASORES FRANCESES EM TERRAS DE ALENQUER" de ANTÓNIO RODRIGUES GUAPO

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MAIS UMA OBRA QUE VEM ENRIQUECER A NOSSA HISTÓRIA LOCAL

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No próximo Domingo dia 2 de Junho, pelas 15,30 horas, no Museu João Mário, terá lugar a apresentação da obra "Invasores Franceses em Terras de Alenquer" da autoria de António Rodrigues Guapo, historiador local que muito se tem dedicado à investigação do nosso passado e à defesa do património local.
Com algum atraso, mas sempre a tempo, este livro assinala, também, os 200 Anos da presença do invasor francês em terras do concelho de Alenquer, que, por se situarem próximas das intransponíveis Linhas de Torres, mas fora delas, muito sofreram com a primeira e a terceira invasão, particularmente com a última, comandada por Massena.
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Profusamente ilustrado e prefaciado pelo Dr. Filipe Soares Rogeiro é mais uma edição da "Arruda Editora", de Nuno Santos Alexandre. A este propósito uma palavra torna-se necessária, para dizer que o Nuno Alexandre não é um simples editor, mas um artista da edição. Assim, aqui temos mais esta preciosidade, com a sua capa rígida cozida e não colada, o seu papel que, faltando-me os termos técnicos adequados, direi de qualidade superior, o seu design gráfico que evidencia um apurado bom gosto, as fotografias e gravuras coloridas, e, cereja em cima do bolo, as aguarelas que Mestre João Mário e Marta Teives produziram especificamente para este edição. Adquirimos um livro e levamos para casa uma obra de arte!
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O Autor: António Rodrigues Guapo nasceu a 31 de Maio de 1933, na terra alentejana de Barbacena e veio para Alenquer (Olhalvo) em 1956 leccionar o ensino primário. Por aqui ficou, constituiu família e se dedicou ao estudo do património e história local, assim como da etnografia. Desse estudo resultaram uma infinidade de artigos dispersos pela imprensa local, regional e as mais diversas revistas. Com António de Oliveira Melo e o Padre José Eduardo Martins foi co-autor do "O Concelho de Alenquer", obra em quatro volumes. Foi ainda coordenador de "Damião de Goes - Uma antologia de textos biográficos"e a ele se ficou a dever, também, um opúsculo editado pela Câmara Municipal intitulado "Palácio Municipal de Alenquer". Homem de teatro encontra-se ligado desde o seu nascimento ao Grupo de Teatro Palmira Bastos de Aldeia Gavinha, sua localidade de residência, a ele se devendo, ainda, a dinamização de outros grupos e espectáculos como "Alenquer - 850 Anos da Reconquista Cristã" (1998), "Porquê Damião?"(2003) e os mais recentes espectáculos levados à cena pelo Grupo de Teatro Vida Activa. Rodrigues Guapo é ainda pintor de elevado mérito, pelo que o lançamento deste seu livro é acompanhado pela abertura de uma exposição com obras da sua autoria.

23 maio, 2013

DOMINGO, DIA 26, ÀS 15 HORAS, NA "CASA DA TORRE"

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APRESENTAÇÃO E LANÇAMENTO DO LIVRO "TESTEMUNHOS DA MEMÓRIA" 
DE JOSÉ SALCEDAS ROGEIRO
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O Colégio/Externato Damião de Góis, foi, nesta vila de Alenquer, uma instituição de cariz municipal que, ao longo de quase meio século (1929/1974), possibilitou aos jovens de ambos os sexos, residentes no concelho de Alenquer a até em concelhos limítrofes, a frequência do ensino secundário.
Em 1929, o "Damião de Goes", recém-criado, começou por ocupar um chalé, hoje inexistente, que havia sido construído cerca de 1880 para habitação da administração da fábrica de lanifícios fundada em 1838 pelo industrial francês Auguste Lafaurie e que laborou até 1917.
Esta paisagem, que aqui mostramos, em postal, manter-se-ia até ao ano de 1947, quando, então, as obras de urbanização da parte baixa da vila e de rectificação do curso do rio, conduziram à demolição do chalé (e de boa parte das instalações devolutas da fábrica, parcialmente aproveitadas para instalação do mercado municipal). Foi então que o Externato se transferiu para a "Casa da Torre", notável imóvel situada a meio da Calçada Francisco Carmo, onde funcionaria até ao seu encerramento em 1974.
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- ALENQUER no início do séc. XX - Fábrica do Meio, de Lafaurie ou da Companhia - (1) - Chalé da "Fábrica do Meio" construído para habitação  da administração da fábrica; (2) - Casa da Torre. Em primeiro plano, junto ao rio a "Fábrica do Meio".
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O livro que José Salcedas Rogeiro escreveu e para a edição do qual a Comissão de Antigos Alunos se empenhou, conseguindo para esse efeito alguns apoios locais, trata, pois, da história dessa instituição  alenquerense que tão importante foi para as gerações de alunos de a frequentaram. Trata-se, assim, de um notável contributo para história local, para além dos afectos que desperta ao evocar pessoas e acontecimentos ligados ao inesquecível Externato Damião de Góis.
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"TESTEMUNHOS DA MEMÓRIA" - Autor: José Salcedas Rogeiro; Capa: Frederico Rogeiro; Editora: Arruda Editora de Nuno Alexandre Santos.
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O próximo Domingo será, portanto, um dia de festa e convívio na "Casa da Torre". Às 15,00 horas será descerrada uma lápide que recordará ali ter funcionado a "Escola de Desenho Industrial Damião de Goes" (1890 - 1897) e o "Externato Damião de Goes", após o que será apresentado o livro, com intervenções  a cargo de um painel formado por entidades intervenientes no projecto, antigos alunos e autor. Seguir-se-à um momento de poesia, teatro e música e tudo terminará num convívio em ambiente de calorosa confraternização.

08 maio, 2013

A FEIRA ESTÁ DE VOLTA...

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XXXI FEIRA DA ASCENSÃO
8 a 13 de Maio de 2013
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A referência mais antiga que se conhece quanto a feiras em Alenquer, talvez seja a que está contida num testamento de Rui Dias de Goes (pai de Damião de Goes), redigido em 1513, em que este «referindo-se a seu filho mais velho, Francisco de Macedo, declara que dera à sogra deste duzentos cruzados para comprar lençóis na feira de S. João». Como bem o refere o Dr. Filipe Rogeiro em artigo publicado na revista da ""XXV Feira", está bem documentada «a existência de uma Feira de S. João em Alenquer, pelo menos nos séculos XVI e XVII, sendo certamente a esta, à da sua terra, que se referia o pai do cronista. ela está documentada nas chacelarias reais, através das cartas de nomeação dos "requeredores das sisas" da mesma feira, designação que mais não quererá dizer que seriam os responsáveis pela cobrança das taxas ou licenças dos feirantes".
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- Praça Miguel Bombarda (nos tempos da República), antigo e actual Largo do Espírito Santo, visto do Parque Vaz Monteiro. Desde séculos, era neste «Rossio do Espírito Santo» que se faziam as feiras. No centro do largo, admire-se o antigo e monumental chafariz. -  (Postal da minha colecção).
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Entretanto, já no séc. XVIII, o calendário da feira sofreu alteração, pois consultadas as "Respostas" de 1758, é o Prior de Santo Estêvão quem escreve que «Feira nesta villa so a há em dia de S. Miguel [Setembro] e de muy pouca importancia: paga terrado á Caza do Espírito Santo». Na mesma ocasião, também o Prior de Santiago escreveu: «Tem esta villa feira no dia de S. Miguel (...)». Para encontrarmos novas referências, teremos de consultar a imprensa local que por cá proliferou a partir do último quartel de oitocentos. Feito isso, verificamos que a «importância» da Feira não aumentou (antes pelo contrário) pois são muitas as referências jocosas que lhe são feitas: «o que esteve exposto na feira foi o mesmo que dos mais annos - esteiras de tábua e gamellas» (O Alemquerense - 1891) ou «realisa-se hoje nésta villa a tradiccional feira de S. Miguel, digna de mensão pela sua insignificância.».
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- Parque Vaz Monteiro quando da Exposição Feira de 1941 - Veja-se o antigo coreto mandado demolir nos anos sessenta (quando, então, também foram abatidos os plátanos) numa requalificação do Parque. (Foto E. Portugal).
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Em 1896, numa reacção a este estado de decadência da Feira,  um vasto grupo de comerciantes alenquerenses mobilizou-se para dotar o centro da vila com um espaço adequado que viesse dignificar o certame. Esse movimento conduziu à expropriação da Horta do Canto que viria a tornar-se no ainda hoje assim chamado, Parque Vaz Monteiro. A ideia parece ter surtido efeito, pois por longos anos a Feira «arrebitou», colhendo, por isso, menções elogiosas nos semanários locais. Em 1941 a feira de S. Miguel muda de nome mas não de data, passando a denominar-se "Feira de Alenquer". A sua primeira edição, dinamizada por um Grupo de Amigos de Alenquer, assumiu a designação especial de "1.ª Exposição-Feira de Alenquer". Este certame que envolveu várias vertentes, alcançou um êxito notável tendo, por isso, perdurado na memória dos alenquerenses, mas, de ano para ano, veio a perder importância, pelo que nos anos 60 era já conhecida e gozada como a "Feira do Pau Caiado" em homenagem às varolas de eucalipto caiadas e engalanadas com galhardetes coloridos, elemento preponderante da Feira, reduzida que estava esta a um "carrossel" e uma "pista de automóveis"... Extinguiu-se, de morte natural, aí pelo ano de 1962.
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- Edifício da antiga fábrica de lanifícios da Romeira (1875), hoje propriedade do Município e que sempre funcionou como pavilhão de apoio à "Feira da Ascensão" (motivo que levou à sua aquisição). - (Foto do autor).
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Acontecido o "25 de Abril", o novo Poder Local democraticamente eleito, constituiu, em 1981, no âmbito da Assembleia Municipal, uma comissão para realizar anualmente um certame com as características de "Feira-Exposição" destinado a ser, principalmente, uma "montra" das actividades económicas do nosso concelho, a que se juntariam alguns elementos lúdicos, culturais e de animação. Quando essa comissão reuniu pela primeira vez, sentaram-se à mesa: José Medeiros (vereador do pelouro), Carlos Cordeiro (Presidente da AM), Adriano Graça (Deputado Municipal pela APU), Francisco Cipriano (Deputado Municipal pelo PPD/PSD), Américo Marçal (P. da Junta de Santo Estêvão) e J. Lourenço ( Eu, P. da Junta de Triana). É possível que, por traição da memória, algum nome me esteja a escapar, pelo que se tal acontecer desde já aqui fica o meu pedido de desculpas. A primeira dificuldade que se ofereceu foi a escolha de um local onde realizar o certame. Ainda se pensou no "Parque das Tílias", mas, após se concluir que era pequeno demais para o que se pretendia, decidiu-se fazê-lo no espaço devoluto onde hoje se situa o Tribunal (antigo campo de futebol do Sporting local), prolongando-se a feira pela Rua Sacadura Cabral, ocupando, como em anos posteriores, algumas lojas devolutas.

- Sobrescrito comemorativo da "Mostra Filatélica" realizada pela "Feira da Ascensão" de 1983, que mereceu posto de correio e "carimbo comemorativo". (Da minha colecção "Marcas Filatélicas de Alenquer").
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Por último, após umas quantas edições, a Feira transferiu-se para os terrenos da Horta d'El Rei, passando a utilizar o "Forum Romeira" para espectáculos e exposições. Ultimamente, conheceu duas edições no centro da vila, desculpem-me, disparate consumado, certamente na melhor das intenções, pois nada adiantou (antes pelo contrário) à Feira, aos visitantes, aos expositores e ao comércio local, excepção feita a meia dúzia, se tanto, de estabelecimentos do sector da restauração situados dentro do recinto da mesma, porque outros estabelecimentos, a 50 metros, viriam a desistir de abrir portas porque nada lhes chegava... Mais uma vez, tivemos Alenquer em contra-mão, porque os concelhos que não têm um recinto, procuram tê-lo e outros que já o têm, investem no equipamento do mesmo, investindo, assim, na segurança, no conforto, nas condições para a assistência aos espectáculos, na funcionalidade, na economia e na comodidade que resulta para os expositores e participantes, do facto de haver instalações permanentes e minimamente adequadas.
O calendário "feiral" alenquerense merece, num futuro próximo, uma ampla e descomprometida discussão por parte das forças políticas que vierem a ficar representadas na autarquia. Até lá, desejo a todos, uma boa "Feira da Ascensão" 2013!
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Nota: Uma última referência para o artigo "A Feira Anual de Alenquer ao longo dos Séculos" do Dr. Filipe Rogeiro, publicado na Revista da "XXV da Feira da Ascensão". Aí encontrarão os interessados um apaixonante relato histórico das nossa feiras. Será já difícil de encontrar, mas merece a pena ir no seu rasto e lê-lo.