De muitos "carretos", ou carros puxados por bois, se compunha uma "quadrilha". Cada "carreto" era conduzido por um "carreteiro", como o postal bem ilustra. Mas uma "quadrilha" juntava ainda outras figuras: o "abegão" que coordenava os cuidados devidos aos animais, o "fiel" que superentendia nas cargas e até mesmo um "carpinteiro" que, munido das ferramentas próprias do ofício, ia ao longo da dura jornada resolvendo as avarias que os "carretos" apresentavam.
Foi assim, em "quadrilhas" que por vezes reuniam dezenas de "carretos", que as mercadorias circularam no nosso País até ao advento do combóio e, mais tarde, até á vulgarização dos veículos a motor.
Quando em meados do séc. XIX os lavradores de Ota, de Abrigada e dos concelhos de Cadaval e Alcoentre escoavam a sua produção vínicola pelo porto fluvial de Vila Nova da Rainha, estima-se que, só para esse efeito, anualmente 10.000 carretos alcançavam o Tejo em Vila Nova.
O caminho, esse era duríssimo para os homens que o percorriam, um caminho que em tempo de chuva os "engoliria com os bois, carros e carradas". Este problema fazia-se sentir com maior gravidade no Paul do Bunhal onde a estrada se tornava impraticável. Atento a essa calamitosa realidade, o então Administrador do concelho de Alenquer, Albino d'Abranches Freire de Figueiredo, chegaria a propor a navegabilidade do rio Ota desde a Ponte de S. Bartolomeu, onde chegavam as marés, até à zona do Bunhal, mediante a bertura de uma vala ou canal.
Mas o combóio em breve chegaria ao Carregado fazendo deslocar para aí e para o vizinho porto da Vala, muito do movimento que ao tempo procurava Vila Nova da Rainha. Para mais, a crónica falta de dinheiro foi sempre o principal obstáculo para que, no nosso País e à semelhança da Inglaterra ou da França quando das suas revoluções industriais, aqui também se investisse na via fluvial para um transporte mais rápido e barato das mercadorias.
Uma última chamada de atenção, esta para quem se interessa pelo traje. Atente-se no traje de trabalho ostentado pelos "carreteiros".