31 agosto, 2013

DEAMBULAÇÕES ESTIVAIS III

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BELMONTE - TERRA DE CABRAL... E NÃO SÓ!
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Belmonte é uma pequena mas bonita vila do Distrito de Castelo Branco. Nela habitam 3100 pessoas e é sede de concelho com 4 freguesias. Não fugindo ao que aconteceu ao nosso interior, o seu concelho que já registou 9109 Habitantes (1960) está hoje reduzido a 6.589 (2011). Com o concelho da Guarda a norte, o do Sabugal a leste, o do Fundão a sueste e o da Covilhã a sueste, fica a dois passos da A-23 e no caminho de quem procura a Serra da Estrela por Manteigas.
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Este é também um concelho com muita História, sendo Belmonte a terra natal de Pedro Álvares Cabral, sua figura tutelar. Ao visitante aconselha-se que dê «corda aos sapatos e suba ao ponto mais alto da vila onde se ergue o seu castelo «altaneiro»


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«A construção do Castelo data do século XIII. Em 1258 D. AfonsoIII autoriza D. Egas Fafe a construir uma Torre no Castelo de Belmonte, no entanto, no local, onde se ergue o Castelo, haveria já um sistema defensivo, posto a descoberto com as escavações arqueológicas realizadas no monumento, cuja construção estaria relacionada com as necessidades de repovoamento e de afirmação do poder  real de D. Sancho I na região.
D. Afonso V em 1466 doa o Castelo a Fernão Cabral I, tornando-se a residência da família Cabral. As várias transformações efectuadas são visíveis no pano da muralha oeste, com a construção de várias janelas panorâmicas. Destaca-se uma janela estilo manuelino, da primeira metade do século XVI, encimada por brasão composto por duas cabras (Cabrais) e seis ruelas (Castros), simbolizando a união de João Cabral Fernandes com D. Joana Coutinho de Castro.
Actualmente o edifício tem funções turísticas e culturais, tendo sido construído um anfiteatro ao ar livre e a Torre de Menagem e Sala Oitocentista adaptadas a espaços museológicos dedicados à história do Concelho e do castelo.»
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As alturas do castelo são excelentes para espreitar a vila e as terras envolventes que se estentendem até aos contrafortes da Serra. Junto ao Castelo situa-se a Igreja de Santiago e o Panteão dos Cabrais, assim como as pequeninas capelas de Santo António e do Calvário.
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Do Castelo pode o visitante descer a Judiaria, ali bem próximo e, se tiver sorte, como eu tive, visitar a Sinagoga.
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Quando me aproximei da sinagoga reparei que a porta estava aberta. Entrei cautelosamente, não fosse abusiva a minha presença. Logo encontrei um membro da comunidade judaica local que me disse estar ali porque aguardava a chegada de dois grupos de visitantes, daí a a sinagoga estar aberta. Enquanto esses não chegavam fomos conversando, uma conversa interessante que me ajudou a entender melhor aquela religião. Fiquei ainda a saber que sendo a comunidade pequena, cerca de 130 elementos, entre homens, mulheres e crianças, as preocupações quanto à sua sobrevivência são muitas, pois a situação de crise que o País vive está a levar os seus jovens para Israel. Entretanto chegou o primeiro grupo de visitantes e foi entre muitos e simpáticos «shalom» que me retirei para continuar a minha vista a Belmonte, mais precisamente ao bonito, moderno e elucidativo "Museu Judaico".
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Para terminar, resta dizer que é evidente o investimento deste município no turismo cultural, pois além do já citado "Museu Judaico", a vila tem, ainda, para oferecer ao visitante mais dois Museus: O "Museu dos Descobrimentos" instalado no antigo Solar dos Cabrais (Casa dos Condes), um Centro Interpretativo da Descoberta do Novo Mundo definido como «um novo pólo cultural e social englobando diferentes serviços de apoio: o centro de documentação, a cafetaria, o arquivo, etc. (...) um projecto interactivo, de sensações e de afectos que levará o visitante numa viagem de 500 anos de história da construção de um País e da sua portugalidade».
Atravessando a estrada e próximo dos Paços do Concelho, situa-se o "Ecomuseu do Zêzere" instalado num edifício antigo (séc. XVIII) conhecido como "Tulha dos Cabrais", celeiro onde eram armazenadas as rendas em espécie da família Cabral. Este é «um museu com função didáctica e pedagógica, onde se pode estudar o percurso do rio Zêzere, desde a sua nascente à foz, assim como a sua fauna e flora».
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Mas a oferta cultural destas terras de Belmonte não se esgota no que já se disse, pois nas suas imediações poderemos ainda encontrar ou visitar o "Museu do Azeite" no Sítio do Chafariz Pequeno, a Villa romana da Fórnea na Estrada Municipal Belmonte/Caria, a "Casa Etnográfica de Caria" na localidade com o mesmo nome e essa bela e singular construção, a torre "Centum Cellas", também conhecida por "Torre de São Cornélio", na freguesia de Colmeal da Torre, que tantas teorias e lendas tem gerado no que respeita ao que efectivamente teria sido.

25 agosto, 2013

PAPÉIS VELHOS

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UM ALENQUERENSE ILUSTRE NUM DOCUMENTO AUTÓGRAFO DO CAPITÃO-DE-MAR-E-GUERRA ANTÓNIO MARQUES ESPARTEIRO
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Quis o acaso que, ao passar os olhos sobre os títulos de uns livros e de uns papéis antigos que iam a leilão, me deparasse com o nome de José Maria Dantas Pereira de Andrade (1772-1836), um alenquerense ilustre cuja vida já aqui trouxemos. Assina essas duas páginas dactilografadas que na ocasião licitámos, António Marques Esparteiro, também ele marinheiro ilustre.
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- Capaitão-de-Mar-e-Guerra António Marques Esparteiro
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António Marques Esparteiro nasceu em Engarnais Cimeiros, Mouriscas, Abrantes, no dia 21 de Outubro de 1898. Frequentou o Curso da Escola Naval, tirou o Curso de Artilharia no "Royal Naval College de Greenwich" e na "Gunnery School" de Portsmouth, Inglaterra e o Curso Naval de Guerra.
Ao longo da sua carreira foi director da "Escola de Alunos Marinheiros" (1927) e dos "Serviços Marítimos. Foi comandante do torpedeiro "Lis", do vapor "Lidador" e do aviso "Afonso de Albuquerque". Pertenceu à "Missão Naval de Fiscalização dos Avisos de 1.ª Classe" construídos na Grã-Bretanha e Irlanda. Comandou, ainda, a Defesa Marítima do Porto de Leixões e Barra do Douro (1943) e, interinamente as "Forças Navais do Estado da Índia".
Historiador e colaborador da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, com a sua assinatura foram publicados 23 trabalhos e livros versando o tema marinha. Em reconhecimento do seu valor recebeu as condecorações de Comendador e Grande-Oficial da Ordem Militar de Avis, Medalha de Ouro de Comportamento Exemplar, Medalha de 1.ª Classe de Mérito Militar e a Medalha Comemorativa das Campanhas do Exército Português na Índia. Passou à reserva como "capitão-de-mar-e-guerra" em 21 de Outubro de 1958. Faleceu em 1976. O seu escrito que adquirimos e iremos transcrever tem a data de Lisboa 4-10-54.

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JOSÉ MARIA DANTAS PEREIRA DE ANDRADE

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«Filho do porta bandeira graduado do Corpo de engenheiros Vitorino António Dantas Pereira e de D. Quitéria Margarida de Andrade, nasceu na vila de Alenquer em 1-10-1772.
Sendo discípulo da Real Academia da Marinha pelo indulto dos seus estudos na conformidade do decreto de 14 de Dezembro de 1782.
Assentou praça de aspirante guarda marinha por aviso de Sua Magestade expedido por Martinho de Mello e Castro Ministro e Secretário do Estado da Repartição da Marinha de 10 de Setembro de 1788, em consequência da proposta do Comandante da Companhia de guardas marinhas o Conde de San Vicente [Miguel Carlos da Cunha Silveira e Lorena - 7.º Conde], nesse tempo marechal de campo com exercício na Marinha.
Passou a guarda marinha por outro semelhante aviso do mesmo Ministro d'Estado de 18 de Janeiro de 1789, e de igual proposta do mesmo comandante.

Passou a primeiro tenente por decreto de 17 de Dezembro de 1789. N.B. Esta patente teve a condição de ficar conservado na Companhia e Academia dos guardas marinhas.
Foi provido em chefe da terceira Brigada por aviso semelhante aos de cima de 11 de Janeiro de 1790, e de igual proposta.
Foi nomeado lente de matemática dos guardas marinhas com soldo que vencia de tenente do mar com exercício de Chefe de Brigada, por igual ordem de Sua Magestade expedida também em aviso do mesmo Ministro e Secretário d'Estado Martinho de Mello e Castro de 16 de Outubro de 1790.
Passou-se-lhe Carta de lente de Matemática dos guardas marinhas com o competente soldo de 400$000 por ano, em virtude do decreto de 18 de Julho de 1795.
Passou a capitão tenente, conservando o sobredito exercício de lente de Matemática, por decreto de 20 de Outubro de 1796.
Passou a capitão de fragata, conservando o mencionado exercício de lente de Matemática, por decreto de 11 de Maio de 1797.
Passou a capitão de mar e guerra, ficando com o exercício das patentes antecedentes, por decreto de 12 de Janeiro de 1801.
Por aviso de 21 de Junho de 1801 expedido por D. Rodrigo de Sousa Coutinho, Ministro e secretário d'Estado da Repartição da Marinha, foi nomeado comandante e secretário de guardas marinhas.
Em 27 de Outubro de 1807 embarcou com a dita Companhia na nau "Conde D. Henrique" que pertencia à esquadra em que passou o Princípe Regente Nosso Senhor, e mais Família Real à América em 29 de Novembro do mesmo ano.
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- O Tejo em Lisboa, à época (Gravura da Biblioteca Nacional).
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Passou a chefe de divisão por decreto de 8 de Março de 1808.
Passou a chefe de esquadra graduado em 15 de Novembro de 1817, aceitando-se-lhe a demissão de comandante de guarda marinhas.
Passou a chefe de esquadra efectivo a 13 de Maio de 1819.
II
Durante o regime constitucional de 1820 e 1823 foi nomeado Conselheiro d'Estado.
Em 1798 foi membro da efémera Sociedade Real Marítima, e era desde 1793 correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa. Promovido depois a sócio efectivo, e eleito secretário em 1823, serviu como tal até 1833.
Foi também membro da Sociedade Filosófica, nomeado em 1827.
A sua obra científica e literária é muito vasta. No dizer dum seu biógrafo foi "sem dúvida o mais brilhante oficial que tem dado a Marinha de Portugal".
Mostrou-se adverso ao regime liberal, pelo que houve de emigrar em 1834 para Inglaterra e França.
Faleceu em Montpellier a 22 de Outubro de 1836.
      
      Lisboa 4-10-54                                                              Antº M. Esparteiro »

Nota: Teria este escrito biográfico chegado a ser publicado, eventualmente em algum Dicionário ou Enciclopédia (dadas as suas características)? É nossa intenção averiguá-lo.

13 agosto, 2013

DEAMBULAÇÕES ESTIVAIS II

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FUI À SENHORA DA LAPA...
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Juro que não estava nas minhas intenções.! Mas, de vez em quando, o meu carro prega-me destas partidas... Vai daí, dei comigo sentado à mesa do "Cabicanca" em Aguiar da Beira.
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- Conjunto monumental em Aguiar da Beira
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"Cabicanca"? Ca bicanca ou seja que grande bico (era uma cegonha e nunca haviam visto pássaro semelhante, pelo que um almocreve valentão deu-lhe um tiro - assim é contada a história do pássaro que tinha um grande bico). Mas qual bicanca qual quê, foi mas foi um grande almoço: Aperitivos, presunto fatiado, porco frito sequinho e estaladiço, finíssima bola de carnes e presunto... logo aí entrou o Dão em todo o seu esplendor e sabor. Depois veio uma posta de vitela acompanhada por umas delicadas migas de legumes e saborosas batatas assadas na grelha. Para terminar, umas tradicionais papas doces de milho. Melhor que tudo isto só a conta, uns módicos (para a excelente amesendação) € 10,50 por mastigante.
Cometido o pecado da gula, fui ao posto de turismo e aí recomendaram-me que fosse à Senhora da Lapa, no vizinho concelho de Sernancelhe, mas muito perto de Aguiar. Aguçaram-me a curiosidade dizendo-me que só passava pela lapa quem não tivesse pecados. Logo dei comigo a pensar: Ai que o almoço já me estragou a performance...
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Reza a «lenda que, em 1498, uma pastorinha de 12 anos, de nome Joana, muda de nascença, introduzindo-se por entre as fendas das rochas encimadas pela grande lapa, aí encontrou uma linda imagem da Virgem, que ali teria sido escondida há mais de quinhentos anos por umas religiosas fugidas a uma perseguição [história recorrente, de imagens escondidas perante a invasão dos mouros]. 
A devoção e todo o carinho que a menina dedicou à imagem, valeram-lhe uma especial protecção da Virgem que por milagre lhe concedeu o dom da fala».
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O actual Santuário data de finais do século XVII, quando os jesuítas, em local contíguo, iniciaram a construção do "Colégio da Lapa".  O seu interior é bonito e original, já que por detrás do altar-mór se pode ver a grande lapa. Para além do mais, está recheado de boas imagens nitidamente setecentistas, destacando-se um magnífico presépio identificado como pertencente à escola de Machado de Castro (só por este Presépio já havia merecido a pena ter lá ido...).
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- A Lapa e os seus dois bonitos altares laterais
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Mas tinha de fazer o teste. A Lapa lá estava e a tentação de entrar e passar pela estreita passagem, por onde só passa quem não tem pecados, era grande. Em frente, pois então! Lá me encolhi no escuro e passei o primeiro obstáculo, mas logo me esperava outro igualmente difícil, a exigir um número de contorcionismo... Aventurei-me, para ficar encalhado! «Querem ver que agora nem para trás, nem para diante...». Voltei para trás, derrotado e sob o olhar de gozo dos muitos crentes que faziam fila para passar pela Lapa. «Pois sim, mas vocês não almoçaram no "Cabicanca"...». Minha mulher esforçava-se por conter o riso, mas a vingança goza-se fria, pois em breve chegaria a vez dela...
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Verdadeiramente preciosa é, também, esta imagem do Menino Jesus da Lapa, que em beleza rivaliza com a da padroeira.
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A aldeia da Lapa, onde se situa o Santuário, muito frequentado nesta altura do ano pelos nossos emigrantes, é bonita e apresenta-se bem tratada. São muitas as lojas que envolvem o Santuário vendendo artesanato e produtos alimentares de boa qualidade: magníficos presuntos e queijos, enchidos, doces.
Dizem que a Senhora da Lapa e Santiago de Compostela chegaram a ser, em tempos, os dois Santuários mais importantes da Península Ibérica. Eu, que gosto de tudo o que é genuíno e belo, saí de lá a cantar:

Fui à Senhora da Lapa,
Pela lapa não passei.
Retirei-me à socapa, 
Dos pecados só eu sei.

Cada vez gosto mais do meu País, pena é que os nossos governantes o não mereçam.

11 agosto, 2013

TÉCNICAS E OFÍCIOS ANTIGOS

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A "TRAINEIRA" QUE EU VI NASCER
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Peniche, importante porto de pesca no litoral Oeste, possui também e como é lógico, a sua indústria de construção naval. Mas, como não podia deixar de ser essa indústria tem vindo a modernizar-se, pelo que hoje será raro assistirmos à construção de uma traineira em madeira, segundo as ancestrais regras do ofício.
Aí há já alguns anos (10, 12, 15? Não posso precisar), passeava eu à entrada de Peniche pela que hoje  é conhecida como a "Praia da Gamboa", quando reparei que no antigo estaleiro, hoje desaparecido, se iniciava a construção de uma "traineira", barco de pesca tão característico das nossas águas. Aí agarrei na minha velha Yashica analógica (que me havia custado 250$00 em 1973 - e a prestações - e durou até à era digital, sendo hoje, com toda a dignidade, objecto de decoração) e fiz as primeiras fotografias, enquanto dizia para comigo que sempre que viesse a Peniche havia por ali passar para ver o estado de andamento dos trabalhos e voltar a fotografar.
E assim aconteceu. Não totalmente, porque era minha intenção assistir ao «bota-fora» para fazer as últimas fotos... Mas tal não viria a acontecer por motivos imponderáveis. Ontem, quando estava a digitalizar estas fotografias, tive a ideia de aqui as deixar. Não estão assim tão envelhecidas (passaram por um programa digital de envelhecimento). Legendas, também não há, pois nada percebo de carpintaria naval, simplesmente achei piada à construção que, em certas fases, mais parecia escultura abstracta em madeira. Espero que gostem.
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06 agosto, 2013

ALENQUER - TERRA DE CICLISMO E DE CICLISTAS

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A PROPÓSITO, A "VOLTA" ESTÁ AÍ...
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Gosto do Ciclismo, gosto deste desporto verdadeiramente popular, porque é o único que vai até à porta de cada um. Desde que me reformei e as televisões passaram a dar em directo todas as voltas e os clássicos, aí estou eu de olhos no televisor papando o Giro em Maio, o Tour em Julho, a Volta em Agosto, não esquecendo que o Setembro ainda nos trará a Vuelta. Isto, falando só do principal, porque ainda há a volta à Turquia, à Polónia, aos Países Baixos, à Califórnia... Bem, mais os Campeonatos, os Jogos e os grandes prémios denominados clássicos.
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Julgo que esta minha paixão pelo ciclismo (logo eu que só monto uma bicicleta sem rodas...) tem muito a ver com a Alenquer da minha infância. Brincávamos no jardim frente aos Paços do Concelho e parávamos embasbacados para ver passar, a grande velocidade, o Pedro Polainas, na sua camisola do Sporting, em direcção à Judiaria onde ia visitar uma sua irmã, aproveitando para isso o treino quase diário.
Depois, eram os grandes circuitos à Vila que por aqui chegavam a juntar 50.000 pessoas para verem o Alves Barbosa discutir rijamente o primeiro lugar com o Ribeiro da Silva.
Por isso, as imagens que se seguem, feitas aqui em Alenquer, são como que um meu (modesto) tributo à modalidade, como já disse, uma paixão que nem mesmo o que aconteceu com o meu maior ídolo, o americano Armstrong, esfriou:
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- Reparem como aqui é ela que está a dar-lhe a táctica...
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- Sem eles as provas de ciclismo não seriam possíveis. E são tantas vezes esquecidos...
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- Concentrado, o ciclista em primeiro plano reza para que tudo lhe corra bem ou sonha com a vitória?
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- A luz estava um pouco de frente, por isso não era a melhor... Mas eu queria Alenquer a servir de fundo ao campeão.
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- O Prof. José Santos do Boavista dando instruções em plena corrida. Bem... esta fotografia lembra-me um sonho concretizado e uma vergonha porque passei. Eu conto a história:

Como adepto do ciclismo sempre alimentei um sonho: fazer um circuito ou uma etapa num carro de apoio de uma das equipas. E esse sonho tornou-se realidade quando o meu amigo Zé, do Restaurante "Primeiro de Janeiro", me encomendou ao Professor José Santos e me meteu no carro do Boavista.
Enquanto a prova decorria, eu que não consigo estar calado muito tempo, lá ia incomodando os acolhedores anfitriões sobre rodas, fazendo desfilar os meus conhecimentos sobre a modalidade. E dizia: «Sabe, Alenquer é uma terra que já deu grandes ciclistas, como o Maurício Vieira que correu no Águias de Alpiarça, o Ventura Cristóvão que vestiu a camisola do Sporting, o Dionísio Santos que honrou a camisola do Benfica, o grande Alexandre Ruas que ninguém batia ao sprint, mais recentemente o Hugo Vítor, o Edgar Anselmo...». O Professor lá me deixou ir, para então me perguntar com um olhinho malicioso: «Então e o José Henriques?» Ora gaita, lá me tinha esquecido do único alenquerense que havia vestido a camisola do Boavista... «Pois também esse...». Virei-me para a porta mas vi lá escrito: «Proibido sair com o carro em andamento.».
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Veio tudo isto a propósito da "75.ª Volta a Portugal em Bicicleta" que está aí, a bater à porta. Como todos, gostava que fosse um português a ganhar... Mas quem? Alimento grande curiosidade sobre o que irá fazer o Joni Brandão. Depois, há uma mais do que justa expectativa sobre o Hugo Sabido da Antarte. Mas, sinceramente, a EFAPEL com o Rui de Sousa, o Filipe Cardoso, o Nuno Ribeiro, o Hernâni Broco, o César Filipe e o já citado Joni Brandão, parece-me ser a única equipa portuguesa capaz de protagonizar uma vitória. Vejamos, ainda, o que nos reservam as equipas estrangeiras.
A Volta está aí, temos, pois, festa nacional.
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05 agosto, 2013

DEAMBULAÇÕES ESTIVAIS - I

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LINHARES DA BEIRA

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Alcandorada numa aba da Serra da Estrela, Linhares da Beira, a capital do parapente, é uma das mais belas das nossas aldeias históricas. Foi outrora vila com foral concedido em 1169. Em 1801 albergava uma população de 5087 almas e era concelho com 13 Freguesias. Hoje é, tão só, uma das freguesias do concelho de Celorico da Beira e a sua população encontra-se reduzida a 269 habitantes.
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- Pelourinho de Linhares da Beira, símbolo da sua antiga dignidade municipal.
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Acede-se a Linhares a partir da EN 17. Quem se deslocar no sentido Gouveia /Celorico ou vice-versa, há-de encontrar uma placa que indica a estrada que leva a esta aldeia histórica. Lá chegando, o melhor local para estacionar será junto à Igreja da Misericórdia (frente ao INATEL).
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- Pormenor da Igreja da Misericórdia com o seu bonito campanário.
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Iniciada a subida para o Castelo são muitos os motivos de interesse que, a cada passo, solicitam a nossa atenção e nos levam a bater mais uma fotografia. Entre eles, abaixo, a chamada "Casa do Judeu" com a sua janela manuelina, a qual nos lembra que entramos na antiga Judiaria.
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Ou esta antiquíssima casa em que uma pedra trabalhada de forma muito interessante ornamenta as ombreiras da porta:
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Ou, ainda, este conjunto edificado para uso religioso:
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Mas a grande vedeta arquitectónica de Linhares, é, sem dúvida, o seu Castelo, imponente e de linhas peculiares, onde sobressaem duas torres. Esvoaçando em torno delas uma enorme colónia de andorinhões lembra ao visitante que ali é terra de grandes voos, particularmente de parapente, modalidade que atrai a Linhares praticantes de toda a Europa.

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Este castelo «situa-se num cabeço em contraforte, a Noroeste da Serra da Estrela, a cerca de 820 m de altitude, dominando o vale do Mondego. Foi provável a fundação pelos Túrdulos, cerca de 580 a.c., passando posteriormente por Visigodos, Romanos e tendo sido destruído pelos Mouros no séc. VIII. Em 900, foi reconquistado e reconstruído por D. Afonso III de Leão e, posteriormente, reedificado por D. Dinis. No séc. XVII, foi feita a instalação do relógio na torre. É um castelo românico e gótico de planta irregular, constituído por dois recintos muralhados fechados. As muralhas assentam em maciços rochosos. O recinto do lado Oeste, de maior perímetro corresponde à cidadela.
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No interior do Castelo, esta interessante e enigmática figura em pedra, atrai o  olhar do visitante que se interroga sobre qual seria a sua utilidade. Meramente decorativa? Não me parece...
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Uma das melhores vistas sobre a aldeia de Linhares é aquela que se toma do alto das muralhas do seu Castelo:

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No bonito largo do Castelo situa-se a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção:

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Uma das ruas em que casas e enormes rochedos se fundem e abraçam:

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Jardins e piscinas do INATEL. Uma excelente unidade desta instituição cujos jardins estão abertos ao visitante: