05 janeiro, 2013

SERÁ DESTA?

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UM MAU «POSTAL» DA VILA DE ALENQUER
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Quem passando por Alenquer toma a estrada para Torres Vedras, rumo ao litoral estremenho (Estremadura sim, Oeste nunca, abandonemos de vez esta ficção), uma das últimas imagens que leva da Vila de Alenquer é a desta fachada, melhor dizendo, empena sul/sudoeste do edifício que já foi da Real Fábrica de Papel (1803-1829), Companhia do Papel de Alenquer (1851-1889), Companhia Portuguesa de Fiação de Tecidos de Lã (1890-1921) e Moagem Hidráulica de Alenquer (1925-2012), esta última assumindo até ao seu encerramento recente várias designações.
No Orçamento da nossa Câmara para o ano de 2013, encontra-se inscrita uma verba destinada a acabar com esta vergonha, já que ela resultou da demolição da vizinha Fábrica de Papel e Cartão da Ota levada a cabo pela nossa autarquia que é proprietária do terreno anexo, dito do Parque de Estacionamento do Areal (para ele existe um projecto que espera por dias mais endinheirados). Portanto, se a famigerada "Lei dos Compromissos" se não atravessar à frente do orçamentado, algo de bom irá por aqui acontecer no decorrer do ano.
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O edifício, cujo passado industrial acima resumimos, é, por conseguinte, um dos que maior significado tem no que respeita à História da Indústria na nossa vila. Julgamos que é pertença da família Arsénio Pereira (nos últimos tempos de funcionamento da Moagem constava que esta trabalhava por conta da "Nacional"), julgamos que a laboração industrial parou, quiçá, definitivamente; julgamos que estamos perante um novo "elefante branco"; julgamos  que o caso merece ser estudado pela autarquia; acreditamos que a sua classificação como de interesse concelhio deveria ser decidida como forma de salvaguarda de um edifício histórico (arqueologia industrial) e que se recomenda para projectos ligados a essa mesma história, e, ainda, para obviar a futuras utilizações ou projectos que descaracterizem um bairro como o do Areal com potencial turístico, já que aí se situa o edifício do Real Celeiro, a Torre da Couraça (a necessitar, também ela, de urgente intervenção), a Igreja de Santa Maria da Várzea, propriedade da Câmara e a favor da qual parecem soprar, finalmente, ventos favoráveis, e o Arco da Conceição, troço amuralhado que liga à vizinha Judiaria.