07 março, 2014

ENTRE A HISTÓRIA LOCAL E A FILATELIA...

UM POSTAL DE UM MAÇON ALENQUERENSE
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Este postal que há bem pouco tempo adquiri em França (por correio, já se vê...), está datado de 6 de Junho de 1906 e assinado por Fernando Campeão, de seu nome completo Fernando Campeão dos Santos, que então, ainda jovem, vivia na Rua "dos Muros" (uma alusão à antiga muralha que corria perpendicular à rua), para quem não conhece é a rua que se vê em primeiro plano na Vila Alta.
O jovem Fernando Campeão habitava a enorme casa paterna, sendo seu pai Henrique António Campeão dos Santos, advogado e proprietário da tipografia e papelaria que girava sob o nome comercial de "H. Campeão & C.ª", local onde se editava o jornal Damião de Góis de tendência republicana. Aliás, Fernando Campeão viria a ser proprietário e administrador desse mesmo jornal.
Republicano convicto, Fernando Campeão foi membro da Comissão de Vigilância Republicana de Alenquer (1910) e Vogal da Comissão Municipal Republicana do Concelho de Alenquer entre 1910 e 1913.
Uma outra referência a este alenquerense, diz respeito à sua condição de maçon e consta de um artigo publicado pelo meu amigo Filipe Rogeiro na Nova Verdade de 15/10/2003: «Em 1909 é fundado em Alenquer, por diversos indivíduos, o grémio maçónico Damião de Goes, que fica sob a direcção de João de Avellar. Consigo estavam tantos e tão insignes cidadãos que em Alenquer desempenhavam os mais altos cargos publicos e sociais, que neste Gremio me rodeavam na tarefa de proteger a Humanidade fraternalmente, conforme mais tarde recordará o próprio João de Avellar. Os nomes desses cidadãos não são conhecidos, à excepção do de Fernando Campeão dos Santos».
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Agora, atente-se num pormenor do postal, o selo de 10 réis da emissão D. Carlos: nele o rei está de cabeça para baixo, ou como filatelicamente se diz, na posição de "enforcado". Esta era uma desfeita que os republicanos então praticavam a sua majestade e que facilmente permite identificar a ideologia do remetente. Mas não era a única, por vezes imprimiam sobre a real cabeça um barrete frígio (símbolo republicano), e assim circulava a correspondência.