23 fevereiro, 2009

UMA FOTOGRAFIA CURIOSA




Trata-se de uma fotografia curiosa esta que já publiquei no meu livro Memórias da Arcada. O seu estado de conservação não é dos melhores, mas dá para ver que ela nos mostra a antiga sala da Arcada, quando ela era simultaneamente pequeno teatro - lá está ao fundo o palco - e sede da Sociedade Filarmónica d'Alemquer, dita Formiga Branca.
Ela mostra-nos ainda uma mesa (bem) posta para um jantar, que uma legenda impressa em rodapé esclarece ter sido um «... banquete oferecido no Teatro da Arcada por um grupo de republicanos de Alenquer aos oradores de um comício em 21 de Agosto de 1910» O momento histórico aproximava-se...
Mas esta fotografia tem no seu verso uma outra legenda manuscrita, da autoria de João de Avellar, que chama a atenção para um outro pormenor quase imperceptível:
«...Na cadeira de espaldar ( ao fundo ) vê-se o barrete frígio que Isidoro Guerra ostentava no quadro final de apoteose à República, na revista Á procura do Ideal que foi representada nesta vila, no Teatro da Arcada, com geral agrado.».
Aqui fica, pois, este pequenino subsídio para a História do Teatro em Alenquer, uma obra que se torna urgente produzir, uma vez que, desde sempre, essa arte foi uma tradição da nossa vila e concelho, em especial o teatro de revista.
Foram inúmeras as casas onde em Alenquer se fez teatro, por aqui nasceram artista de renome nacional como Ana Pereira, Adélia Soller e Palmira Bastos, o teatro de rua, com as suas Cégadas e os Enterros e Julgamentos do Bacalhau, também esteve sempre bem enraízado na nossa tradição popular e inúmeras foram as revistas e peças que por aqui subiram à cena representadas por incontáveis grupos amadores. Esta é, sem margem para dúvidas, uma outra história local que merece ser preservada em forma de livro.