Como aqueles faraós que ao morrerem levavam para o túmulo toda a «tralha» que os rodeava em vida, assim Álvaro Pedro levará consigo para a reforma muitas coisas, entre elas a Feira da Ascensão que, coitadinha, deu o que tinha a dar.
Hoje, feriado municipal, ao fim da manhã atravessei este «deserto» que era a vila de Alenquer em festa (quem o diria?). Por fim parei frente a um restaurante e interpelei o desconsolado proprietário. Então? Como vai o negócio com a Feira? A resposta não poderia ser outra: «Não brinque comigo...Veja lá que hoje, ainda tenho menos clientes do que num dia normal». Olhei à volta e Alenquer, toda ela, dormia o «sono dos justos». Nem viv'alma! Quem entrasse na vila nunca diria que ela vivia a sua festa anual. Uma tristeza.
A Feira consumiu-se nela própria, desgastou-se na rotina, estiolou na falta de imaginação. Quando se anuncia que a ela preside uma Comissão formada pela Câmara e pela Assembleia Municipal, conta-se uma anedota, porque a Comissão só reune para tomar conhecimento do programa já elaborado. Interrogo-me se essa Comissão de tão longa vida alguma vez deu uma sugestão, formulou uma alteração, fez um balanço, meditou sobre um qualquer plano de rejuvenescimento. Se o fez, fê-lo para o «boneco».
Pode-se apontar o dedo a alguém? Sim e não, porque neste como noutros assuntos, a «oposição» foi sempre igual á «situação» sendo o vice-verso igual ao direito. Também não é justo que se aponte o dedo a qualquer funcionário, pois é certo que os mesmos sempre procuraram fazer o melhor, num cenário em que os políticos apostaram, ( certamente por terem mais com que se preocuparam ), na repetição de um modelo ( qualquer coisa como uma missa ), até as peças, por desgaste, falirem e o cenário se desconjuntar. Quando os políticos se demitem ou se revelam ausentes poder-se-à acusar algum funcionário? Claro que não!
Enfim, um desafio para os próximos governantes locais que deverão repensar tudo isto, não deixando a Vila de fora, porque para o comércio tradicional, um evento destes será sempre mais uma ajuda.
Mas a Feira teve a sua Revista editada pela «Nova Verdade» e «Rádio Voz de Alenquer» e que Revista! A qualidade é boa e o «prato principal» óptimo! «Prato principal»? Sim o artigo de Filipe Rogeiro intitulado «Alenquer e as suas empresas de há 100 anos». Parabéns caro Filipe. Que excelente «aperitivo» para a obra que gostaria de vê-lo produzir um dia, a história do comércio da vila e do concelho.
Penso que estas revistas são coleccionáveis e, pela minha parte, tenho vindo a fazê-lo. Viva pois a Revista da Feira que já foi, mas que acreditamos que ainda venha a ser!