Como será lógico deduzir, os tempos que se seguiram à Reconquista não terão sido nada fáceis nesta «extrema dura» do território, zona de charneira entre as terras ocupadas a Norte pelos cristãos do Portugal que crescia e a Sul pelos «mouros» que iam resistindo como podiam aos ímpetos da Reconquista.
Por isso mesmo o nosso rei D. Sancho I teve que entregar aos francos as terras de Vila Verde e aos monges de Alcobaça o Paúl de Ota, por exemplo, para que estas terras se enchessem de gentes e os campos fossem cultivados. Depois, com o crescimento demográfico alcançado no século XIII tudo começaria a levar novo rumo.
Como disse Albino de Figueiredo que no século XIX foi administrador do concelho de Alenquer, «à proporção que a riqueza crescia se multiplicavam as freguesias filiais». Um historiador já desaparecido, João Pedro Ferro, autor de uma obra intitulada Alenquer Medieval, de acordo com as mais antigas referências encontradas, assinala o aparecimento da freguesia de Santo Estêvão em 1190 ( esta na cerca do castelo que hoje corresponde, mais ou menos, ao nosso bairro da Judiaria ), da de Santiago em 1221 ( não tinha fregueses na vila mas tão só no termo), da de Santa Maria de Triana em 1226 ( veja-se como bem cedo a vila galgou o rio ), da de Santa Maria da Várzea em 1239, e por último da de S. Pedro em 1242.
Curiosamente Santo Estêvão, Santa Maria e S. Pedro são nomes de freguesia que à época existiam praticamente em todas as terras importantes, Lisboa por exemplo, sendo de anotar que as freguesias ditas de S. Pedro geralmente estavam ligadas à existência aí de comunidades piscatorias. Havia ainda um outro nome muito comum, S. Miguel, que por acaso nunca existiu na vila de Alenquer. Todavia S. Miguel de Palhacana, com Aldeiagalega, Ventosa e Ota, são as primeiras freguesias assinaladas no termo da vila.
Regressando à vila, refira-se que estas cinco freguesias haviam de perdurar por bons anos, pois só no século XIX o assunto seria objecto de atenção, precisamente pelo já citado administrador Albino d'Abranches Freire de Figueiredo, autor de uma interessante Memória sobre alguns melhoramentos possíveis da vila e do concelho de Alemquer, escrita em 1851.
Nessa pequena obra diz o seu autor que «Cinco freguezias, quatro colegiadas, trinta e um beneficiados, e tudo isto rico, era o resultado dos importantes dízimos que pertenciam à igreja de Alenquer». Esclareça-se que «dízimo» era um importanto imposto cuja colecta revertia grosso modo a favor da Igreja, assim como o facto das freguesias, algo diferente do que hoje acontece, estarem sobre a alçada dessa instituição religiosa.
Nessa pequena obra diz o seu autor que «Cinco freguezias, quatro colegiadas, trinta e um beneficiados, e tudo isto rico, era o resultado dos importantes dízimos que pertenciam à igreja de Alenquer». Esclareça-se que «dízimo» era um importanto imposto cuja colecta revertia grosso modo a favor da Igreja, assim como o facto das freguesias, algo diferente do que hoje acontece, estarem sobre a alçada dessa instituição religiosa.
Prosseguindo, diz o mesmo autor que «a prudência aconselhava o governo a dividir por muitos eclesiásticos os ricos dízimos de que não podia dispôr plenamente. Mas depois que estes ( os dízimos ) foram extintos, a mesma prudência que aconselhou a criação de freguesias e colegiadas, exige que novamente se reunam as freguesias em uma só». Foi isso que aconteceu? Isso veremos numa segunda parte.