30 dezembro, 2009

História Local e da Região

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PEDRO VAI, PEDRO VEM...
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Sob a epígrafe "Alenquer... n'outros tempos" publicou o jornal «O Alemquerense», a partir do seu nº 192, de 15 de Novembro de 1891, as memórias de alguém que, simplesmente, assinava Um Velho. E, de facto, deveria sê-lo, pois muitas dessas interessantes memórias remontam aos primeiros tempos do liberalismo.
De uma delas, intitulada O Januário, transcrevemos o seguinte episódio ocorrido nos últimos tempos da guerra civil travada entre os liberais e os realistas:
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«Os emigrados [políticos] desta vila foram bastantes e permaneceram em Lisboa até que as tropas de D. Miguel levantaram o cerco e foram fortificar-se em Santarém. Ali procuraram pelo seu trabalho, em diferentes misteres, os meios da sua subsistência e de suas famílias, empregando-se à noite em fazerem a polícia da cidade com os voluntários dos batalhões nacionais compostos na sua quase totalidade de empregados do comércio, por isso que a tropa regular estava toda na defesa das linhas.
Levantado, pois o cerco, regressaram a esta vila, não sem receio pela proximidade das forças de D. Miguel e pelo muito tempo que estas demoraram em Santarém cercadas pelo exército constitucionalista que ansioso aguardava ordem para os atacar e dasalojar daquela vila, hoje cidade.
Por esse tempo D. Pedro IV ia amiudadas vezes ao Cartaxo, aonde estava o quartel-general, vendo um dia escrito na parede deste quartel o seguinte:
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Pedro acima, Pedro abaixo,
Nunca passa do Cartaxo.
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D. Pedro tira da carteira o lápis e escreveu o seguinte:
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Pedro vai e Pedro vem,
Há-de entrar em Santarém.
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Entrou com efeito em Santarém sem perda de soldados, porque o exército de D. Miguel retirou para Évoramonte, onde capitulou.»