.
.
- Montejunto - O «espeleólogo» improvisado ri porque ainda hoje está para saber como conseguiu passar por aquele buraquinho lá ao fundo. .
A muito desejada Primavera de 2010 já entrou em cena, sem grande sucesso, diga-se... Mas será possível falar de Primavera sem falar de Montejunto, a nossa ( de Alenquer, do Distrito de Lisboa, do Oeste estremenho, de Portugal ) Serra, que por esta altura do ano veste a sua melhor roupagem?
Claro que não! Por isso mãos à obra, uma obra que aqui fica em jeito de convite.
Diz o já antigo Mappa de Portugal, Antigo e Moderno (1762/3) do Padre João Bautista de Castro que a «Duas léguas e meia de Alenquer contra Norte se estende esta serra a que antigamente se chamava monte Tagro (...). Dizem alguns que é a mais alta serra de Portugal e que terá de circuito mais de quatro léguas e de altura meia légua. No alto é terra fértil e há duas lagoas de boa água. venera-se numa ermida Nossa Senhora das Neves e o primeiro convento de religiosos dominicanos neste reino, que fundou o Venerável Frei Soeiro Gomes».
Sabemos hoje que não é a mais alta de Portugal, pois situa-se à cota 666, para alguns o número da «besta», daí que alguns lhe chamem a Serra do Diabo, fantasia sem sentido, já se vê, pois quem lá manda é nossa Senhora das Neves que tem romaria todos os dias 5 de Agosto, data em que a banda de Pragança sobe à serra na companhia da população do lugar e de outros romeiros dos lugares vizinhos.
Quanto às duas lagoas lá no alto, bem, salvo melhor opinião, julgo que já desapareceram. Uma, provavelmente, seria aquela que se situava bem perto da porta de armas da antiga Esquadra 11 do GDACI da Força Aérea, pequenina, mas com certa graça . O seu carregamento de águas era natural, mas a partir de desastrada intervenção da autarquia responsável que a transformou num tanque artificial, água só aquela que para lá levam os auto-tanques dos bombeiros...
.
.
Lá bem no alto situam-se a citada ermida e as ruínas daquele que foi, efectivamente, o primeiro convento dos frades dominicanos em Portugal. Foi este fundado por Frei Soeiro Gomes que vindo da vizinha Espanha, onde pregara em Barcelona e Saragoça e muitas outras terras, chegara a Portugal quando o reino estava interdito por força do conflito que opôs o rei D. Afonso II a suas irmãs. Em consequência desse conflito, só Alenquer que pertencia à rainha ( então as filhas de rei usavam este título ) D. Sancha escapou à excomunhão, daí os frades nele se terem instalado, nas alturas de Montejunto, depois de em 1217 haverem recebido da infanta D. Sancha a Capela da Senhora das Neves.
Lá bem no alto situam-se a citada ermida e as ruínas daquele que foi, efectivamente, o primeiro convento dos frades dominicanos em Portugal. Foi este fundado por Frei Soeiro Gomes que vindo da vizinha Espanha, onde pregara em Barcelona e Saragoça e muitas outras terras, chegara a Portugal quando o reino estava interdito por força do conflito que opôs o rei D. Afonso II a suas irmãs. Em consequência desse conflito, só Alenquer que pertencia à rainha ( então as filhas de rei usavam este título ) D. Sancha escapou à excomunhão, daí os frades nele se terem instalado, nas alturas de Montejunto, depois de em 1217 haverem recebido da infanta D. Sancha a Capela da Senhora das Neves.
Frei Luís de Sousa, na sua História de S. Domingos, descreve assim a vida destes frades:
«Ao trabalho da casa seguia-se o de fora, tanto mais intolerável, quanto era tomado por gente exausta de forças com os rigores caseiros. Desciam a serra, entravam nos lugares a mendigar a pobre manutenção. Amanhecia em Alenquer e pelos lugares vizinhos a doutrinar, a ensinar a pregar; e depois de cansado e moído deste serviço, ia também de porta em porta pedindo um pedaço de pão para si e para os seus. E quando havia de aliviar, tornava a subir a serra, subida só por si, quando muito ocioso e folgado andara, era tormento excessivo».
Era, pois, tida como dura a vida destes monges, dureza que havia de levar ao abandono desta casa. Porém, trabalhos arqueológicos recentes, numa dolina abatida que servia de poço de despejos da cozinha conventual, trouxeram ao de cima pedaços de louça pertencentes a baixela muito fina e restos alimentares onde avultavam os mariscos da nossa costa...
A pouca distância do que resta deste convento, encontra o visitante as ruínas de um outro mais recente, do séc. XVIII, dos tempos da reforma desta Ordem.
Descendo a serra e por detrás das instalações da Força Aérea, junto do pequeno parque de lazer que lhe fica anexo e do «centro de interpretação da serra» com o seu pequeno mas agradável parque de campismo, encontra o visitante a «Fábrica do Gelo», esta do séc. XVIII quando à Corte lisboeta chegaram hábitos italianos de sobremesas geladas.
Em tanques fazia-se o gelo que depois era armazenado em profundos poços. Envolto em palha, daí saía o gelo para Lisboa, descendo a serra em mulas que tomavam o caminho do porto fluvial de Vila Nova da Rainha ( ou Vala do Carregado como alguns opinam, embora pessoalmente acreditemos que era pelo primeiro ), seguindo rio abaixo para Lisboa.
.
- Montejunto - Fábrica do Gelo - À esquerda tanque de distribuição e à direita tanques onde se formava o gelo nas noites frias.
.
- Montejunto - Fábrica do Gelo - Edifício do depósito. Daqui seguia para a Corte.
Tanto Montejunto como a vizinha Serra d'Aire e Candeeiros são maciços calcários, logo com uma geo-morfologia caracterizada pela existência de muitas grutas. Por vezes a vegetação esconde a sua existência, já que as entradas são diminutas, mas apesar de nem sempre ser fácil a sua localização, estão identificadas mais de uma centena. Algumas delas revelaram ocupação humana, outras estarão identificadas como tal, mas essa identificação dorme no «segredo dos deuses» até que os trabalhos possam ser feitos em segurança, pois já aconteceu um caso deplorável de vandalização de um importante achado arqueológico.
A espelologia é pois uma actividade que a serra propicia... mas só para quem está preparado para ela, ou enquadrado por quem esteja. Por piada, fica aqui o registo de uma experiência lá vivida, mas numa gruta muito acessível e na companhia de técnicos habilitados. Acreditem esta é uma actividade perigosa que não deverá ser intentada por quem não tenha experiência na matéria.
.
- Montejunto - Entrada para uma gruta identificada como "Mineiros II"- Montejunto - O «espeleólogo» improvisado ri porque ainda hoje está para saber como conseguiu passar por aquele buraquinho lá ao fundo. .
Passeio Pedestre organizado pelo Pelouro do Ambiente da Câmara Municipal de Alenquer, Casa da Serra
PASSEIO DAS FLORES
Comemorações do Ano Internacional da Biodiversidade
Dia 24 de Abril de 2010
Inscrições gratuitas no site da Câmara, até à quinta-feira que antecede o passeio
Dificuldade média ( extensão mínima de 10 Km, declives moderados e piso irregular ) - 12 Km
Ponto de Encontro: Casa da Serra - Montejunto - Vila Verde dos Francos - 9 H.
.