07 abril, 2010

HOMENAGEM A UM ALENQUERENSE

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Quando hoje de manhã saí de casa com máquina a tiracolo para fotografar o painel de azulejos reproduzido abaixo ( da autoria de Mestre João Mário e implantado na Av. dos Bombeiros Voluntários ) disse cá para comigo: Sempre é verdade aquilo que li algures, que não há luz para fazer fotografias como a da Primavera e a do Outono. Uma manhã clara fazendo minhas as palavras de um poeta.
Foi quando fotografava que recebi a notícia: Morrera o Graciano Troni. Um velho amigo que o gosto comum pela história da nossa terra aproximara, embora desde sempre nos conhecêssemos, nessa Vila Alta da minha infância e juventude, quando o Graciano era colega do meu pai na secretaria da Câmara.
O Graciano Troni era uma das poucas memórias vivas do nosso passado colectivo e foi, desde sempre, um alenquerense disponível para as colectividades da sua terra. Como ele me disse um dia, presidiu a todas as colectividades da vila, mas, sublinhou, quando elas atravessavam momentos difíceis da sua existência.
A propósito, lembro-me de uma história engraçada que o Carlos Cordeiro gosta de contar:
«Eu era então presidente do Sporting Clube de Alenquer e o Graciano presidente do Alenquer e Benfica. Nesse tempo, quando ambas as colectividades tinham futebol, as duas entraram em contencioso por causa da inscrição de um jogador que, por acaso, nunca foi grande jogador mas que se notabilizaria numa outra modalidade. E como o assunto não se resolvia, fomos chamados à presença do presidente da Associação de Futebol de Lisboa.
Aí a briga repetiu-se perante a estupefacção do anfitrião que por fim desabafou:
- Ora esta! Um é benfiquista ( o Graciano ) e preside ao Sporting, o outro é sportinguista ( o Carlos) e preside ao Benfica, ainda por cima são amigos... e eu é que estou aqui a aturá-los? Façam favor ponham-se na rua e decidam isso lá entre vocês!».
E assim acabou o diferendo.
Para o Graciano, pois, em jeito de homenagem, aqui ficam as fotografias feitas na manhã clara do dia em que definitivamente nos deixou. Fotografias da sua Alenquer, que ele amava como poucos.