28 abril, 2010

OU HÁ MORAL... OU COMEM TODOS!

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Estranho mundo este em que as agências de rating fazem tremer países, economias, sistemas... mas é este o mundo em que vivemos, cada vez mais dependentes uns dos outros ( dívida pública ), cada vez mais vulneráveis aos ataques dos especuladores que engordaram a ponto de poderem actuar a uma escala internacional.
O que acabamos de dizer está bem insinuado nesta sugestiva imagem publicada hoje pelo jornal francês Le Figaro, onde os países europeus surgem representados por um instável e vulnerável dominó, um dominó prestes a ser derrubado em cadeia pela queda da primeira pedra, a Grécia, surgindo já em desequilíbrio uma segunda, Portugal.
Será possível endireitar esta segunda pedra verde-rubra? Sim, dirão os especialistas, logo acrescentando: com um vigoroso apertar de cinto, com mais sacrifícios impostos a um povo dos mais pobres entre os europeus.
Não sei se ainda se lembram, quando nos tempos que se seguiram à Revolução de Abril desembarcavam na Portela uns sinistros senhores com umas pastas onde se lia FMI e que vinham endireitar as nossas finanças públicas, pondo o País a pão e laranjas? Pois bem, embora eles ainda andem por aí, hoje é óbvio que têm a sua tarefa muito facilitada por estas agências de rating que pontuam os países de acordo com a sua capacidade futura ( a curto ou longo prazo ) em cumprirem com o pagamento das suas dívidas, logo fazendo oscilar as taxas de juro dos empréstimos a contrair.
Novos sacrifícios, é, pois, aquilo que nos espera. Mas alguém quer ouvir falar disso? Claro que não, pois eles recairão sobre os mesmos de sempre: Menos serviços gratuitos? Mais impostos? Menor protecção social? Maior austeridade salarial ( principalmente no sector Estado )? Menos subsídios (seja lá para o que for)? Menos investimento público?
Enquanto alinho estas palavras o primeiro-ministro Sócrates reúne com Passos Coelho o chefe da oposição. Será que chegarão a acordo sobre as medidas que reforçarão o PEC dando maior credibilidade internacional ao esforço proposto de redução do déficite?
Uma coisa, todavia, terão de ter presente: Mais sacrifícios só com uma maior moralização da vida nacional, corrigindo essas pequenas coisas que só por si nada resolvem, mas que contribuem decisivamente para a confiança ou desconfiança dos governados naqueles que os governam: Salários e prémios dos gestores públicos, dinheiros para os boys, luvas para os corruptos, até mesmo essa insignificância das viagens domingueiras da senhora deputada Medeiros à sua mansão parisiense, logo ela que deveria aproveitar os seus fins de semana descendo à realidade dos cidadãos do distrito de Lisboa, aqueles que a elegeram e correm sério risco de nunca lhe meterem os olhos em cima a não ser na televisão.
Pois bem, augura-se que nada de bom virá. Mas não se esqueçam: ou há moralidade... ou comem todos! Por outras palavras, isto irá mesmo para o charco ( se é que já lá não está ). Por isso, ou muito me engano ou isto nunca esteve tão perigoso...
Enquanto isso, este País vai vivendo a novela ( quase surrealista) daquela comissão de inquérito que discute aquele negócio que não se realizou, vai-se revolvendo neste frenesim de greves ( do sector Estado, já se vê...), vai regorgitando a comida que já não cabe no estômago sem fundo das corporações que minaram o regime democrático.