12 abril, 2010

A TRAGÉDIA POLACA. E LOGO NA RÚSSIA...

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De visita à Polónia e ao passar pelo santuário mariano de Czestochova, deparei-me com um notável conjunto de arte, do qual acima reproduzo um pormenor de um dos catorze quadros que assinalam outros tantos passos de uma «Via Sacra».
«Via Sacra». Que melhor expressão para dizer o que tem sido a história mais recente da nação polaca? Certamente não haverá... País profundamente católico, foi o primeiro a ser brutalmente atacado e invadido pelas tropas nazis, aí se iniciando a II Guerra Mundial. Depois, no decorrer da mesma, alguns dos episódios mais sangrentos dessa guerra, como os do ghetto de Varsóvia e o da sublevação da Resistência polaca, afogada em sangue perante a passividade das tropas soviéticas acantonadas a poucos quilómetros da capital.
Este último ainda hoje é uma ferida exposta, um crime não perdoado, um ódio ao russo que décadas de um regime comunista, nunca tolerado, acirraram. Percorre-se a Varsóvia renascida dos escombros e a cada esquina, em cada largo, ao longo de cada rua, lá está numa parede uma placa evocativa de um episódio, de um acto de heroísmo, de um qualquer recontro sangrento que esta sublevação contra o ocupante ditaram.
E agora, agora que Polónia finalmente europeia recuperava de anos de estagnação, veio este absurdo acidente aéreo ceifar o seu presidente e as elites militar, económica e política do País...
Ao entrarmos na Polónia, disse a nossa guia de nacionalidade húngara: «É um País de gente boa. Não vão ter problemas de segurança». De facto assim foi. Os polacos são gente boa e honesta, e, ao dizê-lo recordo algo que me surpreendeu:
Rolava o autocarro de Carcóvia para Varsóvia, quando ao longo da via-rápida, ligeiramente para o interior da sua berma, me apercebi da existência de bancas em que se expunham os mais variados artigos hortícolas. Junto de cada uma, uma balança, mas... não se via ninguém por perto que vendesse os produtos da terra.
Isto despertou-me curiosidade e, na primeira "paragem técnica" numa área de serviço, interroguei a guia que desfez as minhas interrogações. «Os interessados param. Pezam os artigos que pretendem levar, há uma tabela de preços e deixam ficar numa caixa o dinheiro que a compra lhes custou. Vendedor para quê?». Sim, para quê, se não estamos em Portugal? Pensei eu... mal certamente.
Para vós aqui ficam umas quantas fotografias que fiz em Varsóvia, fotografias de viagem, logo sujeitas às contingências de luz, do estado do tempo, da posição do sol, da hora do dia, mas fotografias de uma Varsóvia mais feliz do que aquela que por estes dias chora o seu Presidente e mais quantos com ele morreram, logo na Rússia, onde iam homenagear os milhares de seus oficiais e soldados assassinados num outro episódio negro da Segunda Guerra.
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Passeio Real - Hoje moderna e requalificada avenida com excelentes zonas pedonais. Nele se situa o palácio presidencial
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Gueto de Varsóvia - Dele resta este memorial e o bairro residencial (atrás dele) construido com materiais reciclados das suas ruínas
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Parque Cazienki- Monumento a Chopin e Palácio Myslewichi - Imensa e bonita mancha verde no centro da cidade

Moderno edifício estatal na Varsóvia que se moderniza
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Monumento evocativo da sublevação da cidade ante as forças nazis
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Praça central na cidade antiga - Monumento à «Sirene», sereia símbolo de Varsóvia, cidade nas margens do rio Vístula
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Palácio da Cultura e da Ciência - «Oferta» da União Soviética à cidade de Varsóvia. Dizem os habitantes da cidade que foi uma oferta com o dinheiro que lhes foi roubado... É um edifício odiado, dizem que se pudessem o demoliam, mas como tal não é possível o irão esconder atrás de uma cortina de arranha-céus. E estão a fazê-lo... Todavia é um edifício bonito, ao mais puro estilo sovieto-moscovita e o seu interior é rico e luxuoso.
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