06 junho, 2010

ALENQUER TEVE ELEIÇÕES INTERCALARES

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AS FREGUESIAS DE ALDEIA GAVINHA, MECA E SANTO ESTÊVÃO FORAM DE NOVO A VOTOS
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Ingenuidade a do legislador ao acreditar que, em caso de maioria simples, o bom senso haveria de prevalecer nas Assembleias de Freguesia recém-eleitas, para a constituição dos executivos.
Veja-se este mero exemplo: Nas freguesias de Triana e do Carregado onde venceu a Coligação PSD/CDS e Cª, com maioria simples, esta aliou-se aos comunistas da CDU para deixarem os socialistas de fora dos executivos.
Nas freguesias de Aldeia Gavinha, Meca e Santo Estêvão, onde o PS venceu também por maioria simples, Coligação de Direita e Comunistas (aliados) rejeitaram as muitas propostas apresentadas pelos socialistas para formação do executivo ( mesmo cedendo estes um lugar nesse executivo...), por considerarem que a vontade do eleitorado, ao dar maioria simples ao PS, só seria respeitada se os executivos fossem tripartidos!!!
Por aqui se vê a «vassourada» que essa Lei está a pedir, «vassourada» simples: Que governe quem ganha! Isto para que em situações futuras se não venha a perder mais dinheiro e tempo, com a repetição de eleições. Refira-se que a resposta do eleitorado a este problema tem sido, na generalidade, a mesma: Transformar em maiorias absolutas as maiorias simples.
Estas três freguesias do concelho de Alenquer foram por isso a novas eleições, eleições essas marcadas por uma enorme abstenção em Santo Estêvão, freguesia urbana, onde o eleitorado se mostrou mais distraído ou interessado na praia, ou, simplesmente, entendeu dizer «não me chateiem mais com isto»... por isso contam os votos daqueles que efectivamente estiveram dispostos a mostrarem-se responsáveis, daqueles que entendem que não há direitos sem deveres.
Sendo certo que a abstenção, tendencialmente, se reparte irmãmente por todas as forças políticas, logo a mais prejudicada será a força maioritária, mas isso não impediu que o PS viesse a alcançar uma concludente vitória eleitoral. Merecida, perante tudo o que se passou!


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Em Aldeia Gavinha os resultados foram: PS-346, PSD-207, PCP-PEV-61. A Abstenção foi de 37,89%, ligeiramente superior à das últimas eleições. Maioria absoluta para o PS que obteve 4 mandatos contra 2 e 1 dos seus adversários ( 3-3- 1 nas anteriores, perdendo o PSD 1 mandato). Há quem diga que estas eleições marcaram a «morte política» de Vasco Miguel, um histórico do PSD local, que depois de já ter sido deputado na AR, vereador na Câmara Municipal de Alenquer, viu o eleitorado, de novo, recusar o seu nome para o lugar de presidente da Junta. Em relação às últimas eleições o PS é o único que sobe em número de votos obtidos (de 300 para 346) enquanto PSD (Coligação) desce (250-207) e PCP também desce (91-61). Célia Nicolau foi confirmada como presidente desta Junta como «cabeça» de uma lista onde as mulheres estão em maioria e a "lei das quotas" funcionou em favor dos ...homens.

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Em Meca venceu o PS com 366 votos, seguindo-se-lhe o PSD com 285, o PCP-PEV com 111 e, novidade, uma lista de independentes arrecadou 90 votos. Todos os partidos perderam votos em relação às últimas eleições: PS-62, PSD/Coligação-61 e PCP-PEV-103. A Abstenção foi de 42,64%, um pouco superior à das últimas eleições. Será que o bom senso prevalecerá em relação à formação do futuro executivo? E se assim não acontecer? Não haverá Lei que valha... Luís Gualdino, com a sua maioria relativa, continua presidente desta Junta.

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Em Santo Estêvão, uma das duas freguesias urbanas da Vila com 4.832 eleitores inscritos, a Abstenção foi rainha, pois somente 1302 eleitores votaram. Venceu o PS com maioria absoluta: PS-691, PSD-261, PCP-229, CDS-PP-48, BE-39 (Nas anteriores: PS-1041, PSD-CDS, 775, PCP-335, BE-145). Assim, o PS, vencendo perdeu 350 votos, levados pela abstenção; o PSD-CDS perdeu 466, o PCP-106 e o BE outros 106. O PS obteve 6 mandatos, o PSD obteve 2 e o PCP 1 mandato. Sendo o PCP o partido a quem a abstenção menos votos roubou, grande deve ter sido, todavia, a sua desilusão, já que havia levado como segundo da sua lista o ex-presidente da Junta, Gilberto Cristóvão, um socialista histórico em ruptura com o seu Partido e que havia já concorrido às anteriores eleições à frente de uma lista de independentes. Nada acrescentou ao PCP esta aquisição... Não será exagero dizer-se que no conjunto das três eleições o grande derrotado foi, mais uma vez, o PCP, enquanto o Bloco de Esquerda, que só concorreu em Santo Estêvão, foi um autêntico «saco» que se esvaziou. Quanto ao CDS, a «solo» nesta freguesia, terá sido vítima do voto útil no PSD. Paulo Matias é, em definitivo, o novo presidente desta Junta de Freguesia.

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comentários:

Recebi um mail assinado por «MIM- Movimento Independente por Meca» ao qual já respondi, em que é formulado o comentário que com toda a justiça aqui deixo reproduzido:

«Bom dia

Discordo em conceder a quem ganha com maioria relativa o governo absoluto, neste caso de uma freguesia. Também na minha óptica, uma eleição com 70% de abstenção não devia ser considerada. Há que fazer algo, principalmente na burocracia que existe para votar, deveria ser bem mais fácil para que a eleição fosse efectivamente a representação da vontade da maioria.

Isso seria uma desvalorização por completo dos votos de quem não está a favor do actual dirigismo, no caso particular, presidente da junta e respectivo staff.

No caso de Meca com o qual estou familiarizado, uma boa conquista por parte do movimento independente, que podia ser maior não fosse a dificuldade a nível de recursos e de tempo para se dedicar ao projecto.

Caso as pessoas não votassem nos partidos como estes fossem os seus clubes, em vez de votarem nas pessoas e respectivas propostas e ideias, também poderia ser diferente. Isto aplica-se a nível nacional.

Urge, mais do que qualquer mudança governativa, uma mudança de mentalidade e uma maior responsabilidade na hora do voto.

Qualquer modo é bom saber que existe pessoas atentas a politica nas pequenas autarquias»

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Permito-me discordar do seguinte:

- A anulação de eleições por uma elevada taxa de Abstenção, seria, afinal, um prémio para os faltosos e uma desconsideração grave para com aqueles que, afinal, cumpriram com a sua obrigação. A fuga ao dever compensaria. Os decisores seriam aqueles que não estiveram interessados em decidir coisa nenhuma , pelo que não votaram;

-Nenhum executivo tem o «governo absoluto». É preciso não esquecer que existe uma Assembleia de Freguesia com competências próprias:

- «Burocracia para votar»? Não me parece. O acto de votar é extremamente simples, o apuramento dos votos é que poderia estar mais simplificado, com o «voto electrónico». Na verdade o nosso sistema eleitoral funciona bem e isso reflecte-se no apuramento dos votos, que, comparativamente com a maioria dos sistemas eleitorais ocidentais, é dos mais rápidos e eficazes.

-O Povo português, desde o 25 de Abril, tem mostrado que «sabe muito bem aquilo que não quer», embora outras vezes não saiba bem o que quer. A revolução de mentalidades é aquela que sempre se mostra mais difícil, mais lenta. Aqui como noutras coisas é o «civismo» que falta, mas essa é uma luta difícil, mesmo quando há vontade em travá-la.