05 dezembro, 2014

AS PONTES QUE ALENQUER TEVE...




2) A PONTE DO "AREAL", DO "ARRAIAL", DE "TRIANA" OU DO "ALÃO"

Até 1934 a Rua de Triana terminava aqui, no Largo das Formigas. Ao fundo do largo nasceria a Avenida Jaime Ferreira, aberta nesse ano, no local conhecido como Horta das Formigas. Olhando o postal acima, lá está a ponte de "Triana" (nome que lhe dá Guilherme Henriques na sua obra "A Vila de Alenquer") ou do "Areal". Menos comum é a denominação do "Arraial" que, todavia, já encontrámos em mais do que um documento, Esta ponte ligava à Rua Lafaurie para sul e à Rua Serpa Pinto para norte, uma artéria que chegou a acolher muitas casas de comércio.


Nesta fotografia de 1888 (estava em construção o edifício dos Paços do Concelho), temos uma vista da ponte a partir de cima. Frente a ela a casa que pertenceu à família Costa Alves, a que foi oficina de ferrador de José Lérias e a de Fernando Luís Fernandes "Açorda", esta última  (já no século seguinte) de reparação de automóveis. Por outro lado, é interessante verificar como a igreja da Várzea se encontrava liberta de construção à sua volta e como o edifício da "Fábrica de Papel" ainda mantinha a traça original, por pouco tempo, pois em breve passaria a fábrica de lanifícios (do Ferreira, industrial lisboeta) e sofreria obras de adaptação. 


Este postal, mostra-nos a ponte de "Triana" nos seus últimos anos e, em primeiro plano, a levada de água para a Fábrica de "Lafaurie", do "Meio" ou da "Companhia" nomes porque foi conhecida. A sua construção, muito antiga, era já um problema quando ocorriam cheias, uma vez que os seus arcos constituíam um problema para o escoamento das águas.
Falando da sua antiguidade, Guilherme Henriques é de opinião que a construção seja posterior ao reinado de D. Dinis, já que ali perto se situavam as "passadeiras" utilizadas pela Rainha Isabel, sua esposa, quando pretendia ir à Igreja de "Nossa Senhora d'Assumpção de Triana".
Esta ponte começou a ser demolida em 1946 e em 1948 estavam em construção as novas avenidas previstas nos Planos de Rectificação do Curso do Rio e de Urbanização da Baixa lançados pelo Engº Duarte Pacheco. obras concluídas no início dos anos 50.


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Precisamente nos anos 50, encontramos um pouco mais abaixo uma ponte pedonal em madeira, a qual, passados alguns anos, viria a ser substituída por uma outra de betão, um tudo nada mais larga. Esta última, já conhecida como ponte do "Alão" - nome retirado do café ali próximo que entretanto abrira com muito sucesso (era o único estabelecimento em Alenquer que vendia fiambre!) - viria a ser destruída quando da trágica cheia de Novembro de 1967, quando nela embateu uma máquina que pesava toneladas, proveniente da fábrica de papel, a qual havia sido arrastada pelas águas apesar do seu colossal peso. Na sequência do seu desaparecimento foi construída a ponte que hoje conhecemos.