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CORRUPÇÃO NO MUNDO
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Uma constipação à revelia do bom tempo que se tem feito sentir e uns comprimidos que me deixaram em estado pastoso e vegetativamente à mercê das televisões e dos noticiários que hora a hora se repetem sem novidade de maior, deram-me o mote para este post.
Para além das negociações do Orçamento do Estado que se arrastam, arrastam, demonstrando com isso que avançam sobre o alvo final, a aprovação, a grande novidade do dia era a do índex da Corrupção elaborado por uma ONG que ninguém conhecia (mas que ao fim do dia será tão conhecida como a Coca-Cola), chamada Transparency Internacional.
Procurem por este nome na net e lá a encontrarão, pois foi o que eu fiz, amante que sou (vá lá saber-se porquê...) de listas ordenadas. Para mais, se é que ouvi bem, o espanto era a nossa, nossa de Portugal, má classificação nesse ordenamento onde entre 178 países do mundo inteiro ocupávamos um, não sei se modesto, se lisonjeiro, 32º lugar, facto que deu logo oportunidade a «antenas abertas», essa aberração onde os mesmos reformados de sempre descarregam (inconscientemente) na matéria em discussão o seu ódio ao banco do jardim, sem darem conta de que nesse último, pelo menos, não incomodavam ninguém.
E que vi eu nesse «índex»? Logo à partida que no nosso patamar, o dos 6 pontos, tínhamos como companheiras a Espanha (30.º) e a França (25º) faltando a este «clube latino» a Itália detentora de um terceiromundista 67º lugar , e, ainda, o Uruguai (24º) e a Estónia (26º). Um clube restrito, portanto, sendo ainda mais restritos os dos patamares superiores correspondentes aos 7, 8 e 9 pontos.
Aliás, no intervalo seguinte, o dos 7, lá estavam os Estados Unidos (22º), a Bélgica (22º), a Inglaterra (20º) a Alemanha (15º) e, surpreendentemente o Chile (21º), o melhor da América Latina, todos eles ali bem pertinho de nós.
Neste mapa-mundo pintado a cores que vão do amarelo ao tinto de Bordéus, 3/4 do território terráqueo surgem borrados em tons avermelhados. Será, de facto, assim tão mau o nosso estado que, todavia, evoluiu positivamente em relação ao ano anterior? O leitor o dirá. Claro que, também aqui gostaríamos de ser uma Dinamarca ( 1º) ou uma Nova Zelândia (1º)... Mas, decisivamente, não somos como a Grécia (78º) a quem, em tudo, tentam colar-nos.
Este problema, o da corrupção, é, a meu ver, um problema da Moral e da Justiça. Da Moral que deve incutir os bons princípios e da Justiça que deve castigar exemplarmente. Não é, seguramente, um problema político (o tabuleiro para onde, por comodidade, se tenta transportar tudo). Há políticos corruptos do mesmo modo que há juízes, funcionários públicos, polícias, padres, empregados bancários e... eu próprio, quando insinuo ao vendedor que passo bem sem o «recibozinho» da compra (qual IVA, qual quê!), não estarei também a corromper?
Para terminar. Um colega meu, bancário, dizia-me às vezes em desespero: «O meu pai ensinou-me tudo ao contrário: sê honesto, sê um homem de princípios, age com verdade, etc, etc. Como irei eu sobreviver nesta sociedade de chicos-espertos?».
Amigo Zé. Afinal sobreviveste e o teu pai tinha razão. É dentro da casa de cada um que este problema se começa a resolver.
Desculpem-me lá esta de moralista, mas a culpa foi da constipação.