10 março, 2011

O DISCURSO DO PRESIDENTE DE ALGUNS PORTUGUESES

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EIS O HOMEM!
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Um discurso de tomada de posse «cruel» como o definiu uma voz do PS? Não! Simplesmente, Cavaco em todo o seu esplendor!
É voz corrente entre os analistas políticos que o cumprimento do segundo mandato torna os Presidentes naquilo que eles verdadeiramente são. Usando uma frase retirada do Novo Testamento (ou de algum Evangelho, não sei), agora que entrámos em período quaresmal, poder-se-à dizer: Ecce Homo, «eis o Homem»! Só que aqui quem levou as vergastadas foram outros que não ele...
Das críticas partidárias feitas ao discurso retivemos duas:«Um discurso partidário», «um discurso que omitiu a crise internacional».
Quanto à primeira, foi de facto um «discurso partidário», partidária e entusiasticamente aplaudido. Isto é mau para o futuro do País, pois aquelas forças políticas que se evidenciaram aplaudindo, mesmo que em futuras eleições (urgentemente necessárias) possam vir a alcançar uma maioria parlamentar, não são suficientes para levarem a cabo as reformas estruturais de que Portugal precisa para resolver os problemas da sua economia.
Por outro lado, foi mau para o próprio Presidente que, no seu «discurso de mandato» (porque terá de valer por cinco anos), se colocou objectivamente ao lado da Direita, ao hostilizar o partido que governa, o qual, apesar de tudo e segundo as últimas sondagens, ainda vale 30% do eleitorado.
Para outras forças políticas mais à esquerda no espectro parlamentar, este foi um discurso que diagnosticou, mas omitiu a cura, um discurso ideologicamente marcado pela chancela de direita.
Assim sendo, Portugal acordou hoje com um novo Presidente, que não é seguramente «o de todos os portugueses» como seria desejável que fosse (meu já era desde que deixou por esclarecer factos importantes que tinha a obrigação de ter esclarecido quando em campanha eleitoral, que é para isso que elas servem ou deveriam servir).
Mas seria injusto neste escrito se não reconhecesse nesse discurso umas quantas verdades que deverão servir a todos os governantes actuais e futuros. Por todas, aqui fica a «dos limites aos sacrifícios que deverão ser pedidos aos portugueses» (não disse quais, mas penso que a todos os portugueses). Ah! também gostei daquela dirigida aos «boys» e que a direita governamentavel aplaudiu. A ver vamos se no futuro não se lhes rebentarão as palmas das mãos...
Deste discurso disse certa imprensa estrangeira que foi um «discurso pessimista», provavelmente mais uma acha para queimar a acção governativa junto dos mercados de capitais. Ou já vale sacrificar tudo aos projectos vindouros, agora que Passos Coelho, finalmente, tem um «manual» para governar fornecido pelo capital e seus gestores ( Cuidado! Os aviões também têm manual e de vez em quando caem)? Quo Vadis Cavaco?