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UMA CARTA COMERCIAL DE UMA ALENQUER QUE JÁ NÃO EXISTE
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Desde a minha juventude que me deixei levar pelos selos, essas pequenas obras de arte que, normalmente, transmitem saber, cultura e beleza. Com o avançar dos anos refinei esse gosto apaixonando-me pela «filatelia temática», aquela que nos permite desenvolver uma tese ou contar uma história através dos selos e de outras peças filatélicas (carimbos, blocos, flâmulas, inteiros postais etc.) e, também, pela «marcofilia» que estuda as marcas postais, no meu caso particular, pelas marcas postais de Alenquer.
Nesse constante peregrinar pelos locais onde será possível descobrir novas peças que enriqueçam as colecções, lá ando também pelos leilões da net, onde, recentemente, descobri a peça que acima reproduzo.
Infelizmente para mim não tem o valor que poderia ter, pois a marca postal (carimbo) que oblitera o selo está esbatida e quase imperceptível, mas como ela me falava da Alenquer de outros tempos, não resisti e desembolsei a fantástica verba de € 3,00(!) para a adquirir.
Esta carta que seguiu de Alenquer para Lisboa onde chegou no dia 14 de Novembro de 1915, conforme carimbo aposto no verso, é uma missiva comercial de uma farmácia que eu, nos meus 63 anos, já não conheci, a «PHARMACIA MODERNA» de «Avellar e Irmão, Sucessor», que se situava na Praça Dr. Miguel Bombarda, hoje Largo do Espírito Santo, naquele prédio em ruínas ligado à Igreja com o mesmo nome, no mesmo local onde depois seria a oficina de funileiro do Sr. Artur que foi comandante dos Bombeiros.
Olhando a carta, verificamos ainda que esta pagou um porte de 2 1/5 C, importância do selo da série «Ceres», n.º 211 do Catálogo Afinsa, em papel porcelana médio, denteado 15x14, violeta escuro, emitido em 1912, o qual no estado usado vale a fortuna de € 1,00(!), mas que em estado novo e sem sinais de charneira (umas peças antigas em papel gomado nas pontas que fixavam o selo ao álbum) está cotado em € 66,00 ( não é o caso...).
Vejam lá bem as preciosidades que se podem encontrar na net...
Nota: A destinatária era proprietária no nosso concelho de uma quinta chamada do Reguengo. O carimbo ficou esbatido porque precisamente no verso, cerrando a carta, estão dois selos da farmácia em lacre. Azar...