24 maio, 2010

ALENQUER - FALANDO DE FEIRAS E FESTAS...

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- Exposição-Feira de 1941 - Largo do Espírito Santo
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QUEM AINDA SE LEMBRA DA «FEIRA DO PAU CAIADO»?
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Um carrossel à entrada do parque Vaz Monteiro e uma pista de automóveis no largo Palmira Bastos. Entre um local e outro, avenidas ermas ornamentadas com bandeirolas hasteadas no topo de uma varola de eucalipto caiada. Assim, neste belo traje, se extinguiu, sem proveito nem glória, no início dos anos setenta do século passado, a Feira que a minha geração chamou «do Pau Caiado».
Esta Feira, que se realizava no último domingo de Agosto e nos três dias que o procediam, havia nascido em «berço de oiro», mais concretamente quando da «I Exposição-Feira de Alenquer», realizada em 1941, de 30 de Agosto a 7 de Setembro, a qual, pelo seu brilhantismo, havia deixado Alenquer de cara à banda, tanto mais que a vila andava amargurada com estado de decadência a que havia chegado a sua tradicional «Feira de S. Miguel».
Esta «Feira de S. Miguel» também se realizava em Setembro (29 desse mês, dia de S. Miguel) e dela falam os párocos da vila nas suas Respostas de 1758 atribuindo-lhe, já então, pouca importância. Mas, tudo podia ainda piorar, de acordo com a melhor tradição alenquerense. Por isso, não surpreende este quadro que dela traça o jornal O Alenquerense referindo-se à edição de 1891:
«O que esteve exposto na feira foi o mesmo que dos mais anos - esteiras de tábua e gamelas. A concorrência de povo foi aproximadamente de umas 12 a 15 pessoas.»
Dois anos depois, claro, as expectativas não eram melhores:
«Realiza-se hoje nesta vila a tradicional feira de S. Miguel digna de menção pela sua insignificância. Na forma dos mais anos aparecerão à venda gamelas, esteiras de tábua, nozes, amêndoas, etc. Apostamos dez contra um em como qualquer sujeito com vinte mil réis compra tudo, assim como quem diz varre a feira».
Em 1897 a Feira de S. Miguel adquiriu comprovada dignidade com a abertura de um novo espaço público, o Parque Vaz Monteiro. Renovada na transição do século, em 1909 a imprensa local reconhece-lhe merecido préstimo. O programa desse ano, era vasto e diversificado, incluindo já corridas pedestres a par de um "raid burrical", cavalhadas, fogo de artifício e banda de música. E assim continuou, até á sua decadência que se teria iniciado aí pelos anos trinta do século XX.
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-Exposição-Feira de 1941 - Aspecto do Parque Vaz Monteiro com o seu coreto demolido nos anos sessenta.
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Fugiu-nos o pensamento para o passado, ao atentarmos na "overdose" de Festas que Alenquer está "curtindo". Tivemos a "Feira da Ascensão" a cavalo das "Festas do Império do Divino Espírito Santo" e já por aí se anuncia a "Feira Medieval", tudo isto no intervalo das «Feiras do Campo».
Todos sabemos que à «crise» deveremos opor uma certa dose de «descompressão» ou então lá faremos a vontade às nossas televisões ( recheadas de gente inteligente - naturalmente mal aproveitada - e com soluções para tudo no bolso do casaco ) e entraremos numa depressão colectiva. Mas, tanta Festa-Feira...?
Sabemos, também, que esta foi a situação herdada de um executivo balcanizado, onde cada Vereador tinha o seu poleiro feirante e que, naturalmente, em ano de mudança o melhor será não mexer muito no passado e ganhar algum tempo para pensar num futuro onde... o dinheiro não abundará.
Se me perguntassem «quid juris?» eu responderia:
Façam-se em seu tempo ( dependente do calendário religioso ), aí por Maio, as «Festas do Divino Império», uma temática muito ligada à nossa história, onde podemos ser originais e galgar fronteiras. Faça-se da «Feira Medieval» um mero episódio dessas Festas, de preferência subordinado à história local e à presença da Rainha Santa e do seu consorte o Rei D. Dinis no seu Paço alenquerense. Transfira-se a «Feira da Ascensão» para Setembro ( como se viu atrás, existem também boas razões ligadas à tradição local, para isso ). Deixava de ser «Feira da Ascensão e passava a ser, olhem... por exemplo «Feira da Adiafa» a nossa tradicional Festa do final das vindimas. Dê-se nova vida ao nosso feriado municipal com a «Semana da Juventude» e por favor, nada de esquecer o Natal, já que somos a Vila Presépio e temos uma "imagem de marca" a defender. Simples? Claro... o difícil é fazer, mas faça-se qualquer coisa porque assim também não está bem!
- A propósito das Feiras do passado consultei, com muito proveito, o excelente artigo do meu amigo Dr. Filipe Rogeiro, «A Feira Anual de Alenquer ao Longo dos Séculos», na Revista publicada pela «Nova Verdade» quando da «Feira da Ascensão» 2006.

21 maio, 2010

AS FESTAS DO IMPÉRIO DO DIVINO ESPÍRITO SANTO EM ALENQUER

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As Festas do Império do Divino Espírito Santo terão nascido em Alenquer por volta do ano de 1323, tendo a iniciativa pertencido aos frades franciscanos desta Vila. Delas se diz que foram muito favorecidas pela Rainha Isabel de Aragão ( Santa Isabel ) e pelo Rei D. Dinis, já que à primeira se deve a edificação em Alenquer da Igreja do Espírito Santo e sua Casa, adjacentes ao Paço Real, que a piedosa Rainha haveria de transformar em Albergaria onde caridosamente acolhia viajantes e doentes que com suas próprias mãos tratava.
Com o passar dos tempos as Festas ganharam projecção, mas por meados do século XVIII entraram em declínio, vindo mesmo a desaparecer. Em 1945 fez-se uma reconstituição histórica destas Festas e só em 2007 voltaram elas a marcar lugar no calendário religioso desta Vila, procurando, ano após ano, adquirirem cada vez mais brio e dignidade, nas suas vertentes religiosa e lúdica.
São de 2007 estas fotografias que aqui vos deixamos:
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Estas Festas, que têm início no Domingo de Páscoa, atingem o seu ponto mais alto no Domingo de Pentecostes. Assim, será no próximo fim de semana que Alenquer se cobrirá de vermelho e prata para viver os momentos mais importantes das suas Festas do Divino Império. Destacamos:
SÁBADO 22
14,30 - Exibição do documentário "Em Nome do Espírito Santo" com apresentação do seu realizador Carlos Brandão Lucas; exibição do documentário "Açores - A Beleza do Arquipélago" com introdução do Dr. Miguel Loureiro, Presidente da Casa dos Açores ( Museu João Mário ).
16,00 - Toirada à corda. Toirada à moda dos Açores (Terceira), conduzida por especialistas vindos daquele arquipélago ( Largo do Espírito Santo ).
DOMINGO 23
15,00 - Missa solene e Procissão, presididas por D. Tomaz da Silva Nunes, Bispo Auxiliar de Lisboa;
18,00 - Bodo e Folia ( no Parque Vaz Monteiro ). Todos poderão participar no Bodo que será servido ( gratuitamente ) com a sua tradicional Sopa de Carne, o Pão, o Vinho e os Tremoços. A Folia, está a cargo de um Grupo de Tocadores dos Açores, do Grupo de Cantares da "Vida Activa" de Alenquer e do Grupo "Os Vindimeiros" de Aldeia Gavinha.
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Como se verifica pela leitura deste Programa, este ano há uma forte presença açoreana nas Festas, complementada ainda pela gastronomia daquelas ilhas que poderá ser apreciada, Sábado e Domingo, ao almoço, no Restaurante D. Nuno.

17 maio, 2010

FEIRA DA ASCENSÃO - QUE FUTURO?

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Acabou de fechar portas a «Feira de Ascensão-2010», a qual, por se ter realizado intra-vila, me trouxe de volta algumas recordações e... lucubrações.
Isto porque no já distante ano de 1982, quando era presidente da Junta de Freguesia de Triana, fiz parte da Comissão da primeira Feira, onde igualmente encontrei o Américo Marçal ( Junta de Freguesia de Santo Estêvão ), o Carlos Cordeiro, o sempre dinâmico Adriano Graça, o Francisco Cipriano e não sei se mais alguém, pois outros nomes não recordo de momento.
Quando da primeira reunião duas questões de imediato se levantaram: Como se iria chamar a Feira e onde se realizaria. A primeira foi facilmente resolvida quando o Carlos Cordeiro alvitrou que se chamasse Feira de S. Pedro e eu retorqui « porque não da Ascensão», já que iria realizar-se dando vida a esse nosso feriado municipal, para mais sendo essa uma data-festa com tão fortes raízes populares no nosso concelho? E assim ficou.
A segunda questão, o local, era bem mais complicada, já que património da Câmara só mesmo o edifício dos Paços do Concelho, o Parque Vaz Monteiro, o parque das Tílias e... as ruas da Vila!
Equacionou-se a sua localização num dos dois Parques, mas estes eram efectivamente pequenos para o efeito. E foi assim que a Feira ganhou as ruas da Vila beneficiando ainda do abandonado terreno que havia sido campo de futebol e onde se construiria, mais tarde, o nosso Palácio da Justiça (leia-se: Tribunal, porque de palácio tem pouco)!
E assim foi, porque não havia outro local, não por opção, não por determinação em implantar a Feira no centro da vila. Aconteceu por inevitabilidade.
Depois a Feira passou para a Romeira uma vez que a Câmara havia adquirido o edifício da antiga fábrica e o terreno contíguo da Horta del'Rei. Aliás, aquele amplo edifício que, simpaticamente, se haveria de passar a chamar «Forum Romeira», foi precisamente adquirido para servir de apoio à Feira ( e porque não a outros eventos? ), e não em obediência a qualquer plano de salvaguarda patrimonial, coisa essa sempre estranha à mentalidade dominante no executivo.
Na Romeira, a Feira da Ascensão ganhou projecção e tornou-se querida do povo concelhio. Mas... essa projecção, na minha perspectiva, nunca deixou de ser local. Faltou-lhe o golpe de asa para romper as fronteiras concelhias e ganhar projecção regional ou nacional, como uma feira da Golegã ou de Campo Maior. Depois, depois tudo caiu na rotina, no dejá-vu, no bate-certo da prata da casa e foi perdendo gás, até que as obras de requalificação do Parque vieram colocar a questão: Continuava a Romeira a ser o local mais indicado para Feira ou muito ganharia esta em regressar às ruas da Vila, dando um pouco de animação a esta e ao seu comércio?
A isto responderão todos os alenquerenses... e eu também, não deixando de elogiar o esforço de quantos deram o seu melhor para lhe dar brio: Autarquias, ACICA, colectividades, empresas. Mas, confesso, tive saudades da Feira na Romeira. Porquê? Primeiro porque o «Forum Romeira» ( eternamente à espera de uma justificada modernização... ) e o pavilhão fronteiro emprestavam outra dignidade às exposições e outro conforto aos visitantes. Segundo, porque o recinto era mais «aconchegado» permitindo um desenho mais eficiente do certame. Na rua a Feira foi «trapalhona», «desligada» (alongava-se pela vila, com espaços intermitentes ) e «incoerente» na convivência forçada dos mais diversos expositores e, como acontecia no Parque Vaz Monteiro, na «arquitectura» ( qual arquitectura, qual quê..) dos diversos recintos que acolhiam o visitante para comer e beber. Terceiro, porque apesar dos defeitos estruturais das naves inferiores do «Forum» com as suas colunas que tiram visibilidade, apesar disso as condições para espectáculo eram melhores, já que no Auditório Damião de Góis tudo acontecia um pouco à revelia do passeante e no Parque Vaz Monteiro o desconforto para as pernas e para os ouvidos era evidente. Quarto, porque não sei se é justo pedir aos serviços, aos comerciantes e aos moradores que, por quase duas semanas, sofram um centro da vila tão disfuncional.
Mas teria essa vinda da Feira para o centro da vila servido ao comércio local? A meia dúzia de comerciantes ligados à restauração, não duvido, mas para todos os restantes, já tenho as minhas sérias dúvidas...
Num grande catrapázio afixado numa parede de um prédio situado na Rua feirante, a eterna Coligação ( eterna porque mexe mesmo depois de morta nos termos da Lei ) aspergia-se com água benta assumindo a paternidade de uma ideia que, afinal, já tinha barbas. Talvez porque o catrapázio estava a verde, pouca gente reparou... Mas, não teriam deitado foguetes cedo de mais?
Espero, sinceramente, que quem de direito faça um balanço sério, desapaixonado e despartidarizado do acontecimento.

10 maio, 2010

SANTA QUITÉRIA DE MECA

UMA DAS MAIS ANTIGAS ROMARIAS DO CONCELHO E DO PAÍS

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Em Maio, quando os primeiros cachos se insinuam nos ramos ainda vicejantes das videiras e a cereja já "pinta" nos vales circundantes, a aldeia de Meca, no concelho de Alenquer, veste as suas roupagens mais festivas para honrar Santa Quitéria mártir, defensora das pessoas e animais contra o terrível mal da raiva.
Tratando-se de uma das mais antigas romarias deste concelho estremenho ( ou ribatejano? ) que das alturas de Montejunto se desdobra em colinas até às águas serenas do Tejo, a ela acorrem muitos forasteiros que, desde logo, são surpreendidos pela majestosa igreja em estilo neo-clássico mandada edificar no século XVIII por uma das mais ricas confrarias de então, obtida que foi a protecção régia de D. Maria I.
Construída em calcário da região extraído de uma pedreira próxima ainda hoje conhecida como "Pedreira da Santa", dela dizem os mais entendidos que ali «ali houve traço de arquitecto real», ao que o povo contrapõe que «lá isso não sabe» mas que o Mestre que a construiu, e cujo nome já esqueceu «morreu quando caiu do alto de uma das suas torres».
Quem entrar pela porta principal rasgada sob uma frontaria dominada por duas torres sineiras e «dividida, a toda a altura, por seis pilastras de capitéis jónicos», não deixará de admirar a monumental nave única sobrepujada por um bonito tecto em tela pintada onde predominam os tons cinza, verde e ouro.
Valorizando a elegante arquitectura, mármores e pinturas de qualidade ornamentam ricamente o templo. Duas grandes telas, de indiscutível valor artístico, presidem aos altares de cruzeiro, sendo uma delas, «A Última Ceia de Cristo», exposta do lado do Envangelho, assinada por Pedro Alexandrino (1730-1810). Também de ambos os lados do altar-mor são de admirar duas outras boas pinturas, certamente provenientes de uma das melhores escolas de finais do séc. XVIII.
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A romaria tem o seu momento alto no domingo seguinte ao dia 22 de Maio que no calendário religioso é dedicado a Santa Quitéria, mártir dos primeiros tempos do cristianismo, nascida no norte da Lusitânia quando os romanos ainda habitavam a nossa Braccara Augusta.
Rezam as loas de um antigo Círio de Alenquer que Quitéria, tal como as irmãs gémeas Eufémia, Merciana, Marinha, Victória, Genebra, Liberata, Basilisa e Germana ( já haveria inseminação artificial? ), foi salva da morte por Santa Cita e baptizada por Santo Ovídio.
Fugiu assim a uma terrível sentença que lhe fora ditada na sequência de um grave pecado cometido por sua mãe num período em que o seu progenitor, o rigoroso governador provincial Lúcio Atílio Caio Severo, esteve demasiado tempo fora de casa para que, à chegada, pudesse aceitar como sua tão numerosa prole.
O culto local da Santa remonta ao distante ano de 1238, quando a sua imagem, provavelmente escondida pelas boas gentes de Cristo no oco de uma árvores ou no recôncavo de uma gruta quando atemorizadas esperavam o avanço implacável das hordas magrebinas, apareceu num espinheiro da vizinha Quinta de S. Brás.
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- Aos mais interessados na hagiografia de Santa Quitéria recomendamos esta obra do séc. XVII cuja digitalização está disponível no site da Biblioteca Nacional.
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A verdade é que essa bela e muito antiga imagem lá está hoje, em Meca, recebendo das alturas do altar-mor os peregrinos que teimosamente se esforçam por dar continuidade a um tão antigo culto que os chama, na segunda-feira da festa, a tornarem-se presentes no terreiro da festa com o seu gado ou animal de estimação, para uma bênção que os livrará do terrível mal da hidrofobia.
E é assim, distante da forte concorrência de outrora, que a tradição se vai cumprindo: Após a santa missa o pároco assume o seu lugar no trono que domina o adro da igreja e, depois, à vez, rebanhos, cavalos, carruagens, animais domésticos - à trela ou ao colo dos seus donos - e... automóveis, motos e máquinas dão três voltas ao terreiro enquanto o sacerdote de hissope em punho os vai aspergindo com água benta!
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É a bênção do gado que, maravilha dos tempos, mistura cavalos de carne e nervo com outros encerrados em potentes motores, mas não menos susceptíveis de serem contaminados pela raiva.
Em Meca, apesar de tudo, a tradição resiste. Nesta aldeia a meia hora de Lisboa, o Povo teima em manter bem viva a sua cultura! Por favor, participem!


02 maio, 2010

VOA CORAÇÃO...!

FINALMENTE... CAMPEÕES!!!
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DEUS É GRANDE E JESUS O SEU TREINADOR!
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Entre hoje e o próximo domingo decidir-se-à o título de Campeão Nacional. O Benfica vai à frente e só precisa de amealhar um ponto. Mas nada está ainda ganho... O Braga, valoroso adversário, continua na corrida pelo primeiro lugar e entrará mais uma vez em campo alimentado desse espírito de vencer e o Porto, adversário presente, irá jogar animado pela necessidade absoluta de «salvar a face», não permitindo ao seu grande rival que o Estádio do Dragão seja palco para festa benfiquista. Portanto, tudo está ainda em aberto, tudo poderá ficar por decidir até domingo... mas lá dizer-se isto a este companheiro sonhador que me bate no peito e sonha por mais uma jornada de glória...!
O Sport Lisboa e Benfica, nascido em 1908 da fusão de Sport Lisboa com o Sport Club de Benfica, teve em 23 de Janeiro de 1910 o seu primeiro grande desafio: ganhar pela primeira vez ao Carcavelos Club, porventura a equipa mais forte de Portugal, toda ela formada por jogadores ingleses, jogo a contar para o Campeonato da Liga, a principal competição de então.
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Este campeonato que «jogava-se quando se jogava» havia começado em Outubro com uma vitória contra o Belenenses (3-0), seguindo-se em Novembro uma derrota de 0-2 face ao Carcavelos, e, depois, uma vitória sobre o Internacional (2-0) equipa também de ingleses, uma outra sobre o Sporting por 2-0 e um ainda uma outra de 3-0 sobre o Gilman.
A primeira volta terminaria, assim, com o Carcavelos em primeiro lugar e com o Benfica em segundo, pelo que a expectativa era muita (seria desta que o Benfica ganharia aos ingleses dos Carcavelos?) levando 5.000 espectadores ao campo da Feiteira em Benfica.
E as expectativas dos benfiquistas de então não seriam defraudadas, pois o «Glorioso» em projecto haveria de vencer por 1-0, alinhando nesse dia: Goal keeper, Machado; backs, Mocho e Henrique; half-backs, Artur J. Pereira, Cosme Damião e A. Costa; forwards, M. Lopes, Meireles, Luís Vieira, Germano Vasconcelos ( autor do golo ) e Josué Correia.
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Ainda nesse mesmo dia e local, jogou-se o Campo de Ourique-Internacional com a vitória dos primeiros.
A Revista O Ocidente (n.º 1120 de 10/02/1910) que publicou reportagem, viu assim o jogo:
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«Os ingleses do Carcavelos Club tiveram logo no princípio Preddle inutilizado, fazendo quase todo o jogo com dez jogadores.
Os portugueses desenvolveram extraordinária energia, carregando sempre os adversários e conservando bem as suas posições, fortemente atacados pelos ingleses, pois de parte a parte o jogo foi bem sustentado.
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Foi árbitro do torneio o sr. Daniel do Sporting Clube de Portugal.
Por fim houve lunch oferecido ao grupo inglês pelo Sport Lisboa e Benfica, em que foram feitos entusiásticos brindes, na melhor confraternidade entre os contendores.
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Outros tempos, outro futebol... Para terminar: Há cem anos o Benfica venceu o Campeonato da Liga inaugurando um «Glorioso SLB» enquanto o Carcavelos, por falta de jogadores ( teriam que ser todos ingleses! ) e o Sporting, amuado com uma sanção disciplinar, haveriam de desistir dessa edição do Campeonato.
Entretanto, bate-bate coração... até que estoires de alegria!